Foi a cantar e a desfolhar o milho na aldeia comunitária da Ermida, Vilar da Veiga (Terras de Bouro) que continuaram ontem, pela tarde fora, as comemorações do Dia do Município. A recriação do trabalho no largo das festas da terra não foi, afinal, um simples representação, mas uma mostra das actividades agrícolas diárias de quem ali vive.
Maria Gonçalves, 64 anos, Arminda Gonçalves, 62 anos, e Maria Pereira, 74 anos, foram três das protagonistas (cada uma no seu labor) da desfolhada que teve lugar na Ermida.
Apoiadas na sua ‘foucinha’ (ou foicinha) - instrumento que sempre as acompanhou nas lides do campo por toda da vida - exibiram destreza e metologia e mostraram a jovialidade que muitos citadinos nunca tiveram.
“Eu gosto de mostrar aquilo que faço para viver. É o nosso trabalho, as nossas tradições. É isto que faço todo o ano: roço o mato, corto o milho, e graças a Deus não me falta nada”, garantiu D. Maria, de cara luzidia e limpa de rugosidades. “O segredo? É o trabalho do campo!”, rematou. Opiniões partilhadas entre risadas felizes das companheiras, que garantiram também que alegria é coisa que não falta no trabalho do campo.
“E desde criança que trabalho no campo. A minha vida tem sido a floresta”, disse Arminda Gonçalves, confessando que, na verdade mesmo, gostava era de ver os filhos a dar continuidade ao seu trabalho. “Como isto está, com esta crise que toda a gente fala, era bem melhor que se dedicassem à agricultura, ao me- nos, temos sempre o que comer”.
Estas mulheres foram algumas das participantes da desfolhada recriada pela Associação Turística da Aldeia Comunitária da Ermida. Daniel Rocha, o responsável, diz que esta “é uma forma de mostrarmos o que temos e o que fazemos” - mas serve também para atrair mais turistas à terra.
“Nós recebemos muitos visitantes e turistas principalmente no Verão, e nós queremos que nos visitem mais ao longo de todo o ano”, incentivou Daniel Rocha.
Fonte: Correio do Minho, em 21-10-2012
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