Uma escola, como território de ensino-aprendizagem privilegiado, pode assumir um dos seguintes perfis: um perfil de escola seletiva, com metas de aprendizagem exigentes que os alunos terão de atingir, independentemente do seu desenvolvimento pessoal, progredindo apenas os mais capazes, e garantindo os melhores resultados escolares, isto é, os melhores lugares no ranking; ou o perfil de uma escola integradora e inclusiva, que reconhece os alunos como seres em circunstância, proporcionando-lhes conhecimentos e competências nucleares para o prosseguimento dos estudos, sem excluir aqueles que revelem menos sucesso, contribuindo para a formação de homens e mulheres profissionalmente capazes, habilitados para uma cidadania empenhada e interventiva.
As escolas de Terras de Bouro, enquanto escolas de serviço público, optaram e optarão (assim esperamos) por este segundo perfil, que mais fielmente traduz o seu sentido de missão.
As crianças e jovens que o nosso agrupamento de escolas acolhe, marcados pelas vicissitudes de um meio sócio-cultural desfavorecido, transportam diversos problemas de aprendizagem que são periódica e criteriosamente diagnosticados em cada conselho de turma, nas múltiplas reuniões de trabalho realizadas ao longo do ano letivo. Desde os primeiros bancos ao secundário, as escolas são, para muitos alunos, o único apoio na sua instrução e formação. As suas aprendizagens resultam exclusivamente do trabalho em sala de aula, pois a esmagadora maioria não dispõe de quaisquer possibilidades de acréscimo de valor ao que a escola lhes oferece. Sem livros de consulta para consolidação de conhecimentos, sem possibilidade de esclarecimento das dúvidas, sem explicações (pagas ou não) para reforço das aprendizagens, os nossos alunos têm revelado, apesar disso, índices francamente positivos não só a nível dos conhecimentos e competências nucleares, como também ao nível dos valores da ética e da cidadania.
A testemunhá-lo estão as dezenas de jovens que anualmente concorrem e ingressam (na ordem dos 100%, como aconteceu nos últimos anos) nas universidades e politécnicos portugueses, colocados nos cursos de sua primeira ou segunda escolhas, desde as áreas tecnológicas e engenharias à saúde e ao direito, da economia e gestão às humanidades e ciências sociais… ou ingressam no mundo do trabalho com competências reconhecidas.
É duma escola que não recusa oportunidades de inscrição nas suas pautas de exame mesmo àqueles que, tendo frequentado escolas de concelhos vizinhos ou que há muito abandonaram os estudos, contribuem com resultados compreensivelmente negativos para um escalonamento ainda mais baixo no tão propalado ranking… é desta escola integradora e inclusiva que a comunidade educativa de Terras de Bouro se deve orgulhar!...
Assim como não nos deixamos envaidecer e iludir, nos anos em que o ranking colocou as nossas escolas substancialmente acima da média nacional (ano houve em que aparecemos nas primeiras cinquenta posições), também não será seguramente agora, num momento menos conseguido, que desistiremos de prosseguir com a missão orientadora do nosso projeto educativo.
Os critérios de avaliação que, anualmente, são definidos no nosso agrupamento de escolas, além de considerarem os resultados duma avaliação sumativa-cognitiva, contemplam também diversos parâmetros relativos às múltiplas dimensões da formação e educação dos nossos alunos. Respeito, responsabilidade, empenho, organização, assiduidade, pontualidade, espírito crítico, trabalhos de casa, criatividade, capacidade de trabalho em grupo, utilização das novas tecnologias de informação, tolerância, solidariedade: são dimensões que jamais um exame nacional será capaz de avaliar. Mas que as nossas escolas valorizam e promovem, prossecutoras que são de uma avaliação orientada para uma formação integral e integradora.
Por isso, não nos perturbam demasiado as compreensíveis e inevitáveis diferenças entre a avaliação interna e a avaliação externa, dos exames. Estes avaliam (quase sempre, subjetiva e aleatoriamente) conhecimento apenas; as nossas escolas, além disso, promovem competências e educam para os valores!...
Os professores do Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro que, em conselhos de turma e departamentos curriculares ou grupos disciplinares, sempre analisaram e souberam adaptar as suas práticas pedagógicas em função dos resultados obtidos, não deixarão, agora, em sede própria, de refletir e de encontrar as causas, adaptar os métodos e optimizar os instrumentos que promoverão resultados mais animadores e consentâneos com a qualidade do ensino ministrada.
Sempre essa análise foi e será feita, não só quando os resultados são bastante satisfatórios, como no caso dos 2º e 3º ciclos (6º e 9º anos), mas sobretudo quando são merecedores de preocupação especial, como, no pretérito ano letivo, os exames do ensino secundário.
As famílias de Terras de Bouro não têm, por conseguinte, nada a recear do profissionalismo e da qualidade de ensino, do sentido da formação e da excelência da educação ministrados nas escolas do nosso agrupamento, seja nos “Jardins”, nas Escolas do 1º Ciclo, na B/S de Rio Caldo ou na B/S de Terras de Bouro.
Fonte: Página do Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro (Manuel Adelino Viana)
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