Terras de Bouro: S. Bento abre as portas às tradições geresianas

Apesar de ser um dia de trabalho num mês difícil, onze das 21 associações culturais responderam ao apelo da Irmandade de S. Bento da Porta Aberta para um desfile sobre as tradições e usos de Terras de Bouro.

“Foi a primeira vez que isto aconteceu e está a ser muito bom porque é um dia de trabalho e neste mês as associações sentem mais dificuldades para estar presentes” - disse Filomena Melo, do Grupo Cultural, Desportivo e Recreativo de Rio Caldo. Desafiada pela Confraria — representada por Fernando Correia e Carlos Aguiar Gomes que recebiam as colectividades à porta do santuário mais visitado da Diocese de Braga — Filomena Melo recordou que esta iniciativa foi organizada em poucas semanas, esperando que, no próximo ano, “mais associações se unam a nós”.

As associações que participaram são as que estão mais próximas do Geres e do santuário mas, mesmo assim, deram um retrato fiel e diverso das tradições geresianas. Os lenços de namorados e a sua arte, estampada em diversos artigos, como toalhas, camisas, chapéus, bolsas forma bem mostrados pelo Grupo Cultural de Rio Caldo. O espaço envolvente do Santuário recebeu também uma representação da Vezeira do Geres, trazendo os costumes da comunidade de pastores para o Santuário, enriquecendo o programa da Peregrinação maior que ontem teve o seu momento alto com a Celebração da Eucaristia, Procissão e animação cultural.

Um representante desta Associação da Ermida explicou aos turistas os costumes associados a esta emigração dos pastores para os montes durante os meses de Primavera e Verão. De máquina fotográfica na mão, o presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro destacou a iniciativa como “uma excelente forma de divulgar a todos os milhares de turistas, romeiros e peregrinos a história e as tradições desta terra”.

Joaquim Cracel Viana, acompanhado da vereadora da Cultura, Liliana Sousa, felicitou a Irmandade por ter apostado neste desfile e mostrar que “com coisas simples se faz um programa bonito” que contou com a colaboração da autarquia e da GNR.

Outra das associações que esteve presente foi Tradições do Passado, um grupo de cantadores e tocadores que recriou os cânticos e pregões dos romeiros e peregrinos de S. Bento da Porta Aberta, sob liderança de Fernanda Araújo Nos restantes dias, para além das celebrações eucarísticas nos espaços de culto do santuário, foi reinaugurada a estalagem de S. Bento. Este santuário remonta ao ano de 1614, altura em que por intermédio de um visitador, se construiu uma capela em honra de S. Bento, devoção devida à influência dos monges de Santa Maria de Bouro. Segundo a tradição, a capela construída em Rio Caldo tinha sempre as portas abertas, servindo de abrigo a quem passava. Daí lhe terá advindo a designação de S. Bento da Porta Aberta.

Fonte: Correio do Minho, em 14-08-2013