quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Dr. António Salgado Almeida: "Terras de Bouro continuará a perder serviços, se não tiver um poder autárquico que esteja ao lado das populações"

António Salgado Almeida é candidato pela CDU à Câmara Municipal de Terras de Bouro. Médico no concelho há vários anos, o candidato assume como principal preocupação a necessidade de uma “urgente” conclusão das obras no Centro de Saúde de Moimenta e o seu apetrecho com profissionais que garantam médico de família a todos os terrabourenses. Considerando o concelho “parado”, Salgado Almeida considera que o futuro terá que passar pelo turismo, fazendo de Terras de Bouro e do Gerês a “capital das atividades de lazer ao ar livre”, potenciando a montanha, a água e o ar e enquadrando as termas e o turismo religioso de S. Bento. Outra das suas áreas prioritárias de aposta será a agricultura biológica e a produção animal, num processo de investimento e mudança que devolva a vida às aldeias, crie riqueza e emprego.

Terras do Homem: O que o levou a assumir a liderança da candidatura da CDU à presidência do Município de Terras de Bouro?
António Salgado Almeida: Desde a minha juventude que assumo posições políticas como militante do PCP. Fui presidente da Junta da minha freguesia natal, S. Martinho de Candoso, fui vereador da CDU na Câmara Municipal de Guimarães durante três mandatos consecutivos. Nesta batalha eleitoral que se avizinha, seria sempre candidato da CDU. A minha vida profissional e até social faz-se, nestes últimos anos, em Terras de Bouro. Por isso aqui estou. Como sempre estive. Disponível para continuar uma luta que abracei, desde os meus 15 anos de idade, por um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário.
TH: O que acha que ficou por fazer no concelho de Terras de Bouro, ao longo dos últimos anos?
ASA: Terras de Bouro está na cauda do desenvolvimento em todos os indicadores sociais e económicos quando comparado com os outros concelhos do distrito. Esta terra está parada no tempo, entregue a um poder local sem ideias, sem projetos, sem competência. As sucessivas Câmaras Municipais fizeram a gestão do dia a dia, apenas com a preocupação de se manter no poder. Em dois mandatos consecutivos, um do PSD, outro do PS, fizeram cada um uma rotunda. Nem sequer são capazes de defender as populações que os elegeram, como por exemplo em relação ao que se passa com o Centro de Saúde.
TH: Como é que vê o problema do centro de saúde de Terras de Bouro? É uma das pessoas que mais tem pugnado para que o problema se resolva. Por quanto mais tempo acha que a situação se arrastará?
ASA: Como já fui dizendo, o que se passa no Centro de Saúde é o exemplo acabado da resignação das populações e da inércia do poder local. Reflete uma grande falta de respeito do poder central para com Terras de Bouro. Alguém ouviu a voz do presidente ou da Câmara Municipal?
TH: Terras de Bouro tem, além disso, perdido, nos últimos anos, outros importantes serviços, como os CTT o Gerês. No seu entender, há volta a dar a essa situação?
ASA: Terras de Bouro perdeu e perde serviços e continuará a perder se não tiver um poder autárquico que saiba estar ao lado das populações, que as defenda, que não se limite a reagir quando já é tarde.
TH: A desertificação é um dos grandes flagelos do concelho. Como travá-la?
ASA: A desertificação é o resultado das políticas dos Governos do PSD, CDS e PS e é resultado das politicas das Câmaras PSD e CDS. A Câmara do PS, não podendo para já ser responsabilizada por isso, também nada tem feito para inverter a situação. Por este caminho, Terras de Bouro será cada vez mais uma terra de idosos sós e abandonados. Não estamos condenados a isto. Podemos mudar o rumo das coisas com uma política que permita criar riqueza e emprego.
Muitas candidaturas: democracia e descontentamento
TH: Acha que o facto de existirem, até ao momento, cinco candidaturas em Terras de Bouro, isso pode beneficiar as forças políticas de menor expressão?
ASA: O facto de existirem cinco candidaturas é a expressão do descontentamento. Do ponto de vista democrático é bom que assim seja. Quanto maior for a diversidade de opiniões e ideias, melhor. Para Terras de Bouro seria importante acabar com maiorias absolutas e introduzir novas forças politicas na Câmara. Na prática, temos os mesmos de sempre, o PSD e o PS (o CDS é um "penduricalho" sem significado) e temos listas alternativas. O risco é que as propostas alternativas elejam meio vereador cada uma, que somado não dá nada. Naturalmente, e sem afrontar os outros candidatos, vamos tentar convencer os eleitores a concentrar o voto alternativo na CDU.
TH: Como é que caracteriza as vossas listas candidatas à Assembleia e Câmara Municipal de Terras de Bouro?
ASA: A CDU teve que ultrapassar dificuldades, preconceitos, pressões dos poderes instalados para formar as suas listas de candidatos. São homens e mulheres, de todas as idades e de todo o concelho, com coragem e livres. Concorrem por ideias e ideais. A CDU não lhes prometeu nada em troca, até porque só tem para lhes dar a afirmação da sua própria liberdade e das suas convicções.
TH: Qual o grande trunfo que considera ter para vencer estas eleições?
ASA: A necessidade absoluta de um grande sobressalto para esta terra e o demérito dos que até agora lideraram o município.
Potenciar o que de melhor temos
TH: Se tivesse que citar duas ou três medidas para implementar mais urgentemente se for eleito presidente da Câmara, quais seriam?
ASA: Se me perguntar quais as principais propostas da CDU, dir-lhe-ei que entendemos o turismo como questão central para o desenvolvimento sustentado e sustentável do concelho. Fazer de Terras de Bouro e do Gerês a capital das atividades de lazer ao ar livre, potenciando o que de melhor temos – a montanha, a água e o ar – enquadrando as termas e o turismo religioso de S. Bento. Para isso, propomos um amplo debate que conduza à elaboração de um plano com medidas a curto, médio e longo prazo, naturalmente exequíveis e a redefinição da relação do município e das populações com o Parque Nacional Peneda-Gerês.
Outra das áreas prioritárias será a aposta na agricultura biológica e na produção animal, num processo de investimento e mudança que devolva a vida às aldeias, crie riqueza e emprego.
Se pergunta duas ou três medidas urgentes, para o dia seguinte, aí apontaria à exigência imediata da conclusão das obras no Centro de Saúde, da colocação de médicos de família no Centro de Saúde, ver o que se passa com a ocupação das margens da albufeira da Caniçada e com a EDP elaborar um programa de intervenção e arranjo das margens da albufeira.
TH: Como pode o poder local contrariar decisões dessa natureza, tomadas por organismos com gestão central em Lisboa?
ASA: Todo o poder pode ser contrariado. Esteja o povo unido e tenha ao seu lado eleitos em quem possa confiar.
Perfil
António José Salgado Almeida tem 54 anos, é casado e tem dois filhos. Médico de profissão, o candidato da CDU já há vários anos que exerce a atividade no concelho de Terras de Bouro, apesar de residir em Guimarães. Nos tempos livres, Salgado Almeida, como é conhecido, dedica-se na maioria das vezes às viagens. Como destino de férias de sonho, o médico e candidato da CDU elege os Pirenéus, enquanto à mesa não tem preferências, considerando-se um “bom garfo”.
Fonte: Terras do Homem, em 29-08-2013

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