Acordo PSD/PS põe autarca de Famalicão à frente do Conselho Regional do Norte
O social-democrata Paulo Cunha, de Famalicão, vai liderar aquele órgão consultivo da CCDRN com o socialista Rui Santos, de Vila Real, como "número dois".
O Conselho Regional do Norte (CRN) vai ser liderado durante os próximos quatro anos pelo presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha. A escolha do autarca social-democrata foi viabilizada pela maioria dos eleitos daquele órgão consultivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCRDN), que se reuniu esta terça-feira, no Porto. A decisão surgiu depois de um acordo entre PSD e PS, que colocou o autarca socialista de Vila Real, Rui Santos, na vice-presidência do órgão.
Paulo Cunha e Rui Santos chegaram a um consenso nos últimos dias para apresentarem uma lista conjunta, pondo fim a semanas de debate entre os autarcas da região sobre os seus representantes. A proposta dos dois autarcas foi aprovada por esmagadora maioria das cerca de cem pessoas - entre autarcas e representantes de outras instituições da região - que têm assento no CRN, registando-se apenas dois votos contra e três abstenções. O acordo é “um contributo para que a região possa ser mais coesa”, defende o novo presidente do CRN.
A proposta negociada por PSD e PS permitiu aos dois partidos dividirem entre si os restantes dez lugares de vogais da comissão permanente do CRN, seguindo uma lógica territorial. Deste modo, têm assento todas as Comunidades Intermunicipais, com o representante de cada sub-região a ser escolhido entre as autarquias do partido que não está na presidência das CIM. Esta solução fez, por exemplo, dos socialistas Joaquim Cracel (Terras de Bouro) e Domingos Bragança (Guimarães) e dos social-democratas João Esteves (Arcos de Valdevez) e Ricardo Magalhães (S. João da Madeira) vogais do conselho. De fora da comissão ficaram os autarcas independentes, que venceram câmaras importantes como Porto ou Matosinhos.
O presidente da Câmara de Famalicão foi o primeiro nome a ganhar adeptos entre os social-democratas, ainda que mais tarde tenha sofrido a concorrência do novo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, também do PSD.
Alguns membros do CRN pediam a escolha de alguém com uma conotação partidária menos forte do que Paulo Cunha, que é também líder da distrital de Braga do PSD. Mas essa situação acabou, pelo contrário, por ser determinante para que fosse esta a escolha do partido.
A prioridade do novo presidente do CRN é fazer deste órgão “uma plataforma de diálogo”. “Tem que privilegiar sempre a busca de consensos entre os diversos agentes da região, sejam empresas, associações, universidades ou sector social”, afirma ao PÚBLICO Paulo Cunha. Essa abertura é vista pelo presidente da Câmara de Famalicão como determinante para começar a trabalhar o próximo quadro comunitário de apoio 2014-2020. O Norte tem que “aproveitar essa oportunidade” para se “guindar” para um patamar de desenvolvimento mais elevado do que aquele em que está hoje. “Os vindouros não perdoarão se não isto não foi feito”, defende.
Na comissão permanente têm ainda assento três outros representantes que não são autarcas. Os escolhidos foram o presidente da Associação Industrial do Minho, António Marques, o presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Rui Teixeira, e o reitor da Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Fontainhas Fernandes.
A escolha deste último causou estranheza entre alguns membros do CRN após a eleição. É que apenas membros com assento no conselho podem ser eleitos para a comissão permanente, o que não sucede com o reitor da UTAD que foi recentemente eleito. Paulo Cunha desvaloriza a situação e avança que esta será corrigida através de um despacho do secretário de Estado do Desenvolvimento Regional que integrará Fontainha Fernandes no CRN.
Fonte: Público, em 17-12-2013
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