quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Peneda-Gerês em polvorosa

O Parque Nacional da Peneda-Gerês localiza-se na região Norte de Portugal abrangendo os concelhos de Arcos de Valdevez, Montalegre, Ponte da Barca, Terras de Bouro e Melgaço e as serras da Peneda, Soajo, Amarela, Gerês e, ainda, os planaltos do Laboreiro e Mourela. O seu ponto mais elevado é de 1508m e situa-se nos carris. Este parque totaliza uma área de 70 290 hectares e destes, 5 275 hectares pertencem ao Estado (Matas Nacionais), 45 577 hectares são terrenos baldios e a restante área é propriedade privada. O P.N.P.G. é a única área protegida nacional que possui a categoria de Parque Nacional, o nível mais elevado de classificação das áreas protegidas.
Recentemente o Governo, sem ouvir as populações, decidiu impor um novo plano de ordenamento no Parque Nacional Peneda-Gerês quando é proprietário apenas de 7,5% do território.
Foi há mais de um século que o Estado começou a apropriar-se indevidamente dos direitos das gentes dos concelhos deste parque e, em particular, das gentes de Terras de Bouro e quer, teimosamente, continuar a atropelá-los. Por isso, hoje, é tempo de dizermos basta! É tempo de nos defendermos para que o Estado não continue a asfixiar o nosso concelho. É tempo de lutarmos contra os homens de colarinho branco que com sapatos de verniz querem apoderar-se do que é privado ou pertença das comissões de baldios.
Se persistirem na teimosia de quererem impor-nos taxas e proibições nos terrenos privados do nosso concelho, todos os terrabourenses terão de se unir e apoiar incondicionalmente o movimento cívico Peneda-Gerês Com Gente.
Defender os nossos direitos contra o despotismo do Estado, que a partir de Lisboa quer continuar a prejudicar as nossas gentes humildes, será este o nosso caminho.
"Nem Salazar nos tratou assim!" Por autismo ou por ignorância, ao conferirem um estatuto selvagem ao parque nacional, esqueceram-se de que os parques com este nome existentes em todo o Mundo não têm gente a viver lá.
Nós, na nossa terra, apenas queremos uma vida digna. E isso parece que é pedir muito!
Texto publicado neste blogue.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dr. Manuel da Silva Martins: um exemplo para muitos

O Dr. Manuel da Silva Martins nasceu em 1942, na freguesia de Gondoriz. Com apenas 11 anos, este terrabourense foi viver com os pais para Lisboa e teve de começar a trabalhar por falta de possibilidades da família. Nessa época, trabalhar na capital significava um novo alento e uma nova esperança para a fuga da vida de miséria que o nosso concelho, infelizmente, oferecia. Com a sua estrutura afectiva formada, este gondoricense nunca perdeu o contacto com o concelho que o viu nascer e onde aprendeu as primeiras letras.
Depois de muitos anos de trabalho árduo, em 1983, consegue, finalmente, licenciar-se em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa.
Foi professor de matemática na Escola Preparatória Eugénio dos Santos e de economia na Escola Secundaria da Venteira.
Terminou a sua vida profissional como distinto quadro da carreira técnica superior da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC).
Homem de vontade férrea é um bom exemplo de que para se vencer na vida é importante que cada um de nós acredite em si mesmo e tenha muita vontade de vencer. Através do trabalho e do esforço tudo é possível” garante. Afirma à reportagem do jornal “O Geresão” que “para se conseguir alguma coisa é preciso muito espírito de sacrifício, de perseverança e de trabalho que não prejudique os outros, mas que somente nos beneficie a nós próprios porque o nosso semelhante nunca pode ser atropelado”.

Para Dr. Manuel da Silva Martins, nascer em Terras de Bouro não foi fruto do acaso. Tem orgulho em afirmar que os seus pais, ambos naturais de Gondoriz, residiam em Lisboa, mas decidiram que tanto ele como o seu irmão tinham de nascer no nosso concelho. Viveu em Gondoriz até aos onze anos de idade sendo estes primeiros anos de vida muito importantes na formação da sua personalidade e, também, fundamentais para criar uma relação afectiva à terra. Dos sete aos onze anos fez a instrução primária na Escola Mista de Gondoriz com aprovação final, no exame do 2.º grau, na Vila de Terras de Bouro. “Como fui aprovado com distinção criei, a partir daí, o desejo de estudar, mas infelizmente, não pude fazê-lo, apesar de ter muita motivação para aprender. Na época, o liceu era muito caro e, para mim, não foi fácil deixar de estudar”, lamenta.
Jamais esquecerá que ir à Feira de Covas e ao S. Bentinho da Porta Aberta, que hoje é o segundo santuário do País, era como um dia de festa! Na altura do centeio, apanhava “o dente de cão” que vendia e com ele reunia dinheiro para comprar umas cavaquinhas.
Em Lisboa, ainda criança de onze anos, começa a trabalhar nas obras. No Hospital da Ordem Terceira, vestido com um fato de macaco carrega durante dois meses tábuas para andaimes. Neste mesmo hospital, deixa o trabalho duro das obras e passa a fazer recados aos doentes. Leva cartas ao correio, compra revistas e jornais, entre outros. O trabalho torna-se mais leve e as gorjetas passam a ser o seu ordenado, mas alguns meses depois volta novamente a trabalhar nas obras e toma a primeira decisão da infância da sua vida quando apresenta o seu despedimento. “Meses depois despedi-me, mas os meus pais não queriam que eu o fizesse. Como mantive a minha decisão disseram-me que teria de ser eu a procurar emprego.” Esta criança de carácter firme vê-se obrigada a crescer, rapidamente, e, no dia seguinte, foi ao jornal “Diário de Notícias” para consultar as ofertas de emprego porque não disponha de dinheiro para comprar o jornal.
Consegue emprego como mandarete e passa a fazer recados numa pastelaria-restaurante, mas “os escudos ganhos eram muito magros”. Meses depois, consegue novo emprego, num hotel, também como mandarete.
Aos treze anos fica entregue a si próprio. “Ainda não tinha catorze anos feitos quando a minha família resolveu regressar definitivamente a Gondoriz. Queriam que eu os acompanhasse, mas eu não aceitei porque apesar de ter muitas saudades da terra eu não queria regressar para a minha terra que não me dava emprego e não me oferecia condições nenhumas. Apenas pobreza.”
Consegue convencer os seus pais a deixá-lo em Lisboa. Por sua conta e risco, Manuel da Silva Martins fica sozinho na capital e, a partir desse momento, é obrigado a crescer. “Tinha-me tornado num pré-adulto porque tive de manter o emprego, de pagar com o meu suor o alojamento, orientando-me completamente sozinho e sem qualquer familiar por perto. Foi um período que me marcou profundamente.”
Nesta luta sem tréguas para melhorar as suas condições de vida, muda de emprego e passa para recepcionista de um hotel. Subiu em categoria e em vencimento.
Faz as inspecções para a tropa, na Câmara Municipal de Terras de Bouro e, em Maio de 1963, assenta praça em Espinho. É mobilizado para o Ultramar tendo embarcado, no dia 23 de Novembro de 1963, para Moçambique, no dia imediatamente a seguir ao dia da morte, em Dalas, do presidente Kennedy. Tete era a província mais quente de Moçambique e também era conhecida como “o cemitério dos brancos”. Atrás do arame farpado, começa um exílio em África longe da família, dos amigos e da sua terra. Para ultrapassar os problemas de desenraizamento, aproveita o tempo disponível. Para isso, “agarra-se” aos livros e começa a satisfazer o seu sonho: estudar. Concluiu com muito bom aproveitamento o 1.º e o 2.º anos do liceu e, aos fins-de-semana, ajuda a formar o grupo de escutismo de Tete (187 Agrupamento de Escuteiros grupo n.º2). De corpo e alma entrega-se ao escutismo e gasta os seus dias de licença organizando e dinamizando acampamentos escutistas.
Em Abril de 1966, regressa, finalmente, a Portugal e retoma o seu trabalho no hotel como recepcionista. Insatisfeito quer estudar, mas este trabalho não lho permite e, por isso, arranja outro emprego com um salário mais baixo, mas com um horário compatível. Quer, apenas, o indispensável para pagar o quarto, a alimentação, o transporte e os estudos. “O vestuário e o calçado passavam para segundo plano. Eram acessórios.” Começa, então, a trabalhar nos Despachantes Oficiais da Alfândega de Lisboa. “Nos primeiros tempos, o que ganhava era muito curto e então tive de recorrer às economias que tinha amealhado, delapidando quase todo o dinheiro que tinha.” Numa escola particular, com vontade firme e incansável começa a estudar à noite e faz, em dois anos, os 3.º, 4.º e 5.º anos do liceu.
Como era Praticante de Despachante Oficial, quando concluiu o 5.º ano do liceu, subiu de categoria na carreira e passou a Ajudante de Despachante Oficial. Deste modo, “tinha melhorado a minha situação financeira e passei a dedicar-me muito mais à minha profissão, mas continuei a pensar que devia continuar a estudar e a aprender.” E, ao abrigo de uma lei especial, que beneficiava os militares que tinham estado no Ultramar, começou a fazer cadeiras dos 6.º e 7.º anos do liceu. “Algumas delas foram feitas como aluno autoproposto, mas tive de parar de estudar porque a exigência profissional passou a ser muito maior. Entretanto, casei em 1970 e a partir daí fiquei em stand by porque era impossível conciliar tudo.”
Com o advento do 25 de Abril, modificaram-se as condições de trabalho de tal forma que passou a ter mais algum tempo disponível para poder estudar. Face a esta nova situação retoma os seus estudos. Começa por completar o antigo 7.º ano do liceu Posteriormente, matricula-se na Faculdade de Economia do ISCTE onde completa o seu bacharelato. Depois, matricula-se no Instituto Superior de Economia onde fez a sua almejada licenciatura.
Confessa-nos que foi muito difícil esta longa caminhada académica. “Não desisti, apesar de ser difícil conciliar o trabalho, a vida familiar e o estudo. Por volta da meia-noite, terminava as minhas aulas e para cumprir com as minhas obrigações de estudante tinha de entrar pela madrugada dentro. Nos dois últimos anos do curso, nem sequer podia jantar. Saía do Aeroporto às 18 horas e a essa mesma hora começavam as aulas na Faculdade. Sem jantar e como chegava atrasado cerca de meia hora passava os intervalos a copiar os apontamentos correspondentes a essa meia hora de aula que eu perdia. Foram dois anos exagerados e difíceis, mas consegui fazer tudo!”
Concluída a sua licenciatura tenta rentabilizá-la, mas não era fácil arranjar emprego por ter já mais de quarenta anos de idade. “Respondia a muitos anúncios, mas era difícil conseguir um emprego. Não desisti, teimei e consegui ingressar, na carreira técnica superior, através de concurso público, onde me mantive até à minha aposentação”.
Depois de se reformar, decidiu continuar a estudar, mas de uma forma bem diferente. Desta vez, decidiu investigar e resultou o livro “Entre o Homem e a Amarela” publicado recentemente. “Sentia que nós, os da margem direita do Rio Homem, parecíamos que não fazemos parte do concelho de Terras de Bouro. Prometi a mim próprio que um dia se haveria de ouvir falar de Gondoriz”.
Confessa-nos que esta sua decisão se deveu, por um lado, ao amor que tem à sua terra e, por outro, a sua freguesia tem um passado muito rico e longo, mas com história. Considera que, ao longo dos anos, a sua terra foi pouco acarinhada e isso não potenciou o seu desenvolvimento. Reafirma que havia uma grande injustiça porque a freguesia de Gondoriz “fora ostracizada”.
“Entre o Homem e a Amarela” demorou-lhe cerca de quatro anos a fazer. Para realizar este trabalho, fez entrevistas, percorreu os lugares todos que foram por si descritos, tendo inclusive atravessado a Serra Amarela, indo de Cutelo a Espanha para conhecer in loco o itinerário do contrabando.
Foram muitas e muitas horas de pesquisa em muitos arquivos. Muitas horas de reflexão e leitura na Biblioteca Nacional de Lisboa, na Biblioteca da Gulbenkian, na Torre do Tombo, nos arquivos da Universidade do Minho, no Arquivo Distrital de Braga, no Arquivo Paroquial de Gondoriz, entre outros.
Para a concretização deste seu projecto refere que foram fundamentais duas pessoas da nossa terra. O Dr. Viriato Capela que se mostrou entusiasmado em conhecer e apoiar o seu trabalho. “Facultei-lhe um exemplar em rascunho e o Dr. Viriato prontificou-se a apresentar a minha obra. Como é da área da História encorajou-me sempre a editá-la.” Também foi importante o presidente da CALIDUM, João Luís Dias, que se mostrou disponível para editar este meu trabalho. “Foi de uma simpatia e de uma amabilidade fantástica que jamais esquecerei”.
Agradece, também à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia de Gondoriz que apoiaram esta publicação com a aquisição de um conjunto significativo de livros.
O Dr. Manuel da Silva Martins é um gondoricense realizado e esclarece que não publicou “Entre o Homem e a Amarela” com o intuito de ganhar dinheiro. O que pretendeu foi divulgar Gondoriz e, também, o nosso concelho que tem potencialidades extraordinárias sobretudo se fizermos o seu aproveitamento turístico.
Terras de Bouro precisa de investimento para se desenvolver, mas sem estragar o ambiente e a vida dos terrabourenses.
Ao Dr. Manuel da Silva Martins muito obrigado por ser um homem que não nega as suas raízes humildes e que tem obra feita divulgadora do nosso património imaterial,
Bem haja a este gondoricense que muito nos honra!
Texto a publicar no jornal “Geresão” a 20 de Janeiro de 2010.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dr. João Antunes: que é feito de si?

O Dr. João Antunes é uma personalidade sobejamente conhecida de todos os terrabourenses. Detentor de um currículo invejável, este homem de grande credibilidade, respeito, talento, inteligência e generosidade foi Vereador da Câmara Municipal de Braga, Presidente da Assembleia Municipal de Terras de Bouro e da Comissão Concelhia do PSD local. Foi, também, Coordenador da Área Educativa de Braga durante mais de 6 anos e, ainda, Presidente do Conselho Directivo da Escola André Soares durante mais de uma década. E mesmo nos períodos mais conturbados, pós 25 de Abril, este honroso terrabourense, com a sua serenidade e trabalho, conseguiu dirigir sem sobressaltos a Escola André Soares. Hoje, reformado, continua muito interessado pelo seu concelho e a merecer a estima, a admiração e a consideração de todos nós.

Aos 70 anos, o Dr. João Antunes, verdadeiro “gentlemen”, mantém o toque de classe que todos nós lhe conhecemos. Actualmente, está reformado e vive dividido entre Terras de Bouro e Braga. Para repousar e para reunir a família, passa a maior parte do seu tempo na “Casa da Cerca”, em Chamoim, principalmente durante o Verão e aos fins-de-semana. Deste modo, mantém aqui as suas raízes e procura fazer com que os filhos e os seus netos sintam também essas raízes. Gosta de viajar e procura fazer, pelo menos, uma viagem por ano.
Ainda antes do 25 de Abril esteve no Ultramar em Angola, juntamente com a esposa. Em Sá da Bandeira (actual cidade do Lubango) e Salazar (actual Ndalatando) foi professor e esteve quase sempre ligado a direcções de escolas industriais e comerciais. Em Angola, nasceram dois dos seus filhos, mas logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 regressou a Portugal, no final do ano lectivo. Para o Dr. João Antunes, Portugal não acautelou a descolonização que era inevitável. Afirma à reportagem do jornal o “Geresão” que quem lá vivia sabia que descolonizar era uma necessidade. Contudo, esta foi mal feita porque resultou num abandono de pessoas, de bens e de História.
Hoje, não pensa visitar Angola porque tem receio de ficar chocado. Sublinha que conheceu este país irmão num período de grande expansão e prosperidade. Mesmo com a guerra colonial o desenvolvimento era possível. Está informado de que Angola está, actualmente, em grande crescimento.
Durante mais de seis anos, foi Coordenador da Área Educativa de Braga. Em sua opinião, a criação das Coordenações teve por princípio trazer o poder de decisão para mais perto das Escolas. Foi uma espécie de “Regionalização do Ensino”. De facto, antes do aparecimento das Coordenações, as Delegações só tratavam, praticamente, dos concursos e das colocações de professores. A delegação de competências nas Coordenações permitiu intervir e apoiar as Escolas do distrito de Braga em variadíssimas áreas. Nessa altura, a Direcção Regional de Educação era um poder que estava entre o Ministério e as Escolas, mas funcionava, muitas vezes, como um “travão” porque complicava. Com a Coordenação de Área Educativa, a ligação podia vir directamente do Ministério da Educação o que melhorou, significativamente, a comunicação. Sublinha que “quanto maior é a estrutura, maior é o ruído e a cadeia de comando é mal interpretada e, muitas vezes, burilada”.
Relativamente ao modelo de gestão das escolas defende o actual. Advoga o modelo do director, mas não o do ditador. Sempre defendeu este modelo porque cresceu dentro dos modelos do director e do reitor e reconhece-lhe aspectos muito positivos.
Conhecedor profundo dos jovens e da Educação, apresentou-nos a sua visão sobre estas temáticas. Para ele, a juventude será sempre, independentemente da época, irreverente e a Educação actual é muito diferente de há umas décadas atrás. Actualmente, o jovem tem mais liberdade, mas a postura contestatária sempre fez parte da essência da juventude. Contudo, considera que as estruturas estão desajustadas e não acompanharam o ritmo educacional dos nossos jovens. O País não se preparou da melhor forma para responder à massificação do Ensino e, em sua opinião, a perda de valores é um problema bem maior do que os problemas económicos.
Como é oriundo do ensino técnico considera-o a melhor forma de Ensino porque os jovens saíam das escolas industriais e comerciais com uma sólida formação. Os denominados quadros médios, desde que sejam competentes, fazem muita falta. Não se pode viver num País com pouca escolarização ou com excesso de licenciados. Mas não tem havido um fio condutor nos diversos Ministérios da Educação e os ministros alteram, constantemente, as políticas da Educação.
Nos dias de hoje, o modelo das estruturas está condicionado pelos resultados, mas o País não precisa do facilitismo. Obviamente que a preocupação das estatísticas não pode conduzir à eficácia.
Considera os nossos Programas Escolares muito teóricos, elitistas e desajustados da realidade actual. Hoje, temos de formar cidadãos com formação escolar e não elites. Afirma que a eficácia do Ensino vê-se quando saírem “as levas”. Aí é que se verá se os dezanoves ou os vintes estão a modificar o País. Mas parece-lhe que não. Pensa que “é certamente mais fácil construir um menino do que consertar um homem”.
No que concerne à divisão administrativa da carreira docente, considera-a um absurdo total porque foi feita uma perspectiva economicista tendo o governo “arranjado esta roupagem”. Relativamente à nova ministra da Educação tem esperança de que não entrará em colisão com a classe docente. Além de ser uma escritora sensível, manifesta carinho pelas crianças, pelos professores e pelas Escolas. A arrogância com esta ministra parece-lhe que acabou definitivamente.
Entretanto mantém-se preocupado com a desertificação do nosso concelho. Sabe que não há fórmulas mágicas para a contrariar, mas podem surgir medidas que a prazo possam parar o êxodo. Criando-se empregos, por exemplo, ou dando-se facilidades na construção de casas poder-se-á alterar a desertificação. Para isso, é necessário melhorar o PDM para que os terrabourenses não vão construir as suas casas para outros sítios. Sempre que isso se verifica o resultado é termos cada vez menos famílias.
Terras de Bouro é uma terra maravilhosa porque temos a Natureza e tudo o que há ainda bom Terras de Bouro tem.
Afirma que as barragens são um benefício para o nosso País. “Temos as barragens e até há bem pouco tempo o concelho produzia energia eléctrica e não a tinha em algumas das suas povoações.” Contesta as políticas dos diversos governos centrais que nem sempre beneficiaram a nossa terra. Acrescenta que “o Parque Peneda-Gerês é mais um organismo a criar obstáculos. É sempre preciso obter o parecer do Parque para se fazer o que quer que seja.” Considera o Parque fantástico e garante que “a população local sempre viu com muito carinho os carvalhos centenários e que a nossa população sempre foi favorável à preservação destas e doutras árvores autóctones.” Por isso, no seu entender “não é necessário formar os terrabourenses para a preservação das suas paisagens” esclarece.
Salienta que as plantações feitas no nosso concelho são muito úteis, mas quando foram feitas alteraram profundamente a vida dos povos que aqui viviam. Estes ficaram sem contrapartidas e, também, sem a pastorícia. A população de Terras de Bouro foi muito prejudicada nos seus valores, usos e tradições. “Mesmo assim o nosso povo foi criado nesta rudeza e pobreza, mas ganhou formas próprias.” Enaltece que somos gente educada, estruturada e boa que tem sido muito sacrificada ao longo dos séculos e que os investimentos nacionais aqui feitos deviam compensar a economia local, mas isso nunca aconteceu.”
Entretanto, o Dr. João Antunes vê o futuro com optimismo. Afiança que esta crise não será eterna e aconselha os responsáveis políticos a saber gerir muito bem os dinheiros públicos investindo-os em obras que tragam retorno.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Dezembro de 2009.

Uma vitória pessoal

O Partido Socialista ganhou pela primeira vez umas eleições no concelho de Terras de Bouro. Com mais de 500 votos o Partido Rosa venceu, claramente, as eleições autárquicas nos vales do Homem e do Cávado retirando a António Afonso e ao PSD a autarquia mais laranja do distrito de Braga. Com uma vitória tão clara, expressiva e inequívoca este excelente resultado até apanhou de surpresa os próprios socialistas.
Para Ricardo Gonçalves, cabeça de lista à Assembleia Municipal, o Partido Socialista fez um grande trabalho ao longo dos últimos anos e a vitória veio confirmar a vontade de mudar por parte da população. De facto, os terrabourenses quiseram a mudança, mas o Partido Socialista não desenvolveu nos últimos anos trabalho que lhe permita chamar a si os louros desta vitória. O socialista que o fizer está a fazer pura demagogia ou ignora em absoluto a popularidade que Joaquim Cracel granjeia no seio dos terrabourenses. Este resultado é, acima de tudo, uma vitória pessoal do independente Joaquim Cracel Viana, ex-autarca do PSD. Muitos dos eleitores que votavam tradicionalmente no PSD não ficaram indiferentes à sua simpatia e às suas origens laranja e votaram, por isso, no Partido Rosa. Por isso, o “Quim” foi inequivocamente o grande protagonista destas eleições ao conseguir tão folgada vitória.
O novo edil terrabourense iniciará o seu mandato com a inauguração do Pavilhão Gimnodesportivo e da Piscina Municipal da Vila de Terras de Bouro. Herdará, entre outros, de António Afonso um Plano Director Municipal quase revisto, a Central de Camionagem (projecto em fase de contratualização) e o Natur Parque Vilarinho da Furna (1.ª fase) já aprovado. Herdará, ainda, a garantia de financiamento do projecto de requalificação do Parque da Ribeira das Gordairas que visa a requalificação urbanística do espaço compreendido entre o Centro de Saúde e o Campo de Futebol Municipal e prevê, entre outros, a criação de um espaço verde com percursos pedonais e cicláveis, com áreas de merendas e um campo polidesportivo.
Os eleitores que nestas eleições autárquicas votaram na mudança esperam que o novo Presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro imprima um novo rumo ao concelho e que contrarie definitivamente o envelhecimento e a desertificação. Os terrabourenses, principalmente os jovens, esperam de Joaquim Cracel ainda muito mais.
Entretanto, muitos dos terrabourenses criaram expectativas muito altas e sonham com um futuro prometedor e que impeça esta terra de morrer aos poucos.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Outubro de 2009.

Os politiqueiros

Realizaram-se as eleições europeias e aproximam-se as eleições legislativas e as autárquicas. Destas últimas, não poderemos dissociar do combate e da discussão política a expressão "os vira casacas". De Norte a Sul, tal como no futebol, fazem-se inúmeras “transferências”, mas nestas mudanças nem sempre o mérito profissional e o currículo pessoal têm qualquer importância. Quando assim é, teremos aqueles que se candidatam noutro partido, mas que se mantêm independentes. São aqueles que se mantêm fiéis ao seu partido e, obviamente, não são “vira-casacas”. Mas quem são afinal os vira-casacas?
“Os vira-casacas” são todos os políticos que não revelam dignidade e que perderam a sua identidade. São aqueles que para manter o emprego ou para obter dividendos correm ora para aqui, ora para ali, sempre na mira, unicamente, do seu “tachinho”. De facto, o “vira-casacas refinado só pensa em si próprio e em seu benefício. Será “vira-casacas” todo aquele que para negociar melhores condições para o seu concelho ou para a sua freguesia tal como o fez, quando Guterres era Primeiro Ministro, Daniel Campelo, presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima? Certamente que não!
De facto, “só os burros é que não mudam”! Mas este princípio não se pode aplicar ao “trânsfuga” ou ao “vira-casacas” ou ao salta-pocinhas que procura, unicamente, o lóbi do “tacho”!
Os partidos não deviam permitir esta política de favorecimento pessoal e este tipo de gente que muda de princípios como quem muda de camisa!
Infelizmente, em todas as eleições, para além dos “vira-casacas”, também costumamos ter o aproveitamento político das inaugurações, as promessas e toda a verborreia política. Para George Orwell “a linguagem política dissimula para fazer as mentiras soarem verdadeiras e para dar aparência consistente ao puro vento”.
De facto, quando a obra feita é exígua, na véspera das eleições autárquicas, convém torná-la eminente. Os politiqueiros “vomitam golfadas” de projectos para obras a realizar e até prometem obras sem qualquer projecto. Nesta logorreia, imagem de marca principalmente de muitos dos candidatos às juntas de freguesia, os custos são muitas vezes subalternizados e constata-se a irresponsabilidade e até falta de seriedade. E surgem listagens infindáveis de propostas disparatadas nos folhetos de campanha sobranceando a falta de escrúpulos e de nobreza. Olvida-se a palavra dada e a honra e a lealdade são coisas de outra galáxia! E num jogo duplo bem mundano, a pragmática dos politiqueiro que se preze põe de lado as regras e os valores morais que deveriam nortear a conduta e a ética políticas.
“Metidos no mesmo saco” diluem-se os políticos sérios, com os pouco sérios e com os nada sérios numa miscelânea clara de valores e anti-valores. Todos são a mesmíssima coisa: iguais! Por isso, a maioria dos portugueses afirma desprezar todos políticos e igualmente todas as eleições. E em lugar de estar informada sobre os diversos programas eleitorais e sobre os candidatos, prefere ler os jornais desportivos ou a imprensa cor-de-rosa cujas tiragens são aos milhares. Também as novelas e os programas televisivos de nulidades, verdadeiros “big brother’s”, são preferidos aos debates televisivos sobre questões sociais ou políticas. A prová-lo estão os “shares” que tal como o algodão não enganam.
Mahatma Gandhi afirmou que as divergências de opinião não devem significar hostilidade. “Sempre procurei nutrir pelos que discordam de mim o mesmo afecto que nutro pelos que me são mais queridos e vizinhos”.
Entretanto, nas eleições que se aproximam valorizaremos as divergências de opinião e as ideias para bem da política, da democracia, da nossa terra e do nosso país. Votemos e não pensemos que quando votamos estamos a arranjar emprego aos “trânsfugas” ou aos “vira-casacas”. Se assim fizermos, certamente, que passaremos, todos nós, a dormir muito melhor!
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Julho de 2009.

Candeeiros tortos


Gosto desta foto porque me inclina os pensamentos para a direita… E penso no ESPANTO e em IMAGENS INACREDITÁVEIS! E com imagens destas apetece aconselhar quem passa pela Vila de Terras de Bouro a beber antes vinho do bom! Assim, ninguém terá visões destas! Opte-se pelo verdasco, por aquele tinto que até os cardiologistas aconselham! Será bem melhor do que beber água de garrafão e fumar salsaparrilha… Deixemo-nos de conversa de treta e vamos ao que interessa: na nossa terra, podemos “ver claramente visto” que os candeeiros estão tortos!
Três candeeiros da iluminação pública da Vila de Terras de Bouro estão desaprumados, inclinados, torcidos… Talvez isto seja devido aos desacertos dos automobilistas. Foram batidos e danificados por certos condutores que nem chegam a pagar os prejuízos, pois logo dão de "frosques". Ora aqui estão mais uns bons exemplos de má cidadania! São coisas que ninguém vê! Coisas que ninguém costuma ver! Coisas que aparecem feitas! Tantos e tantos ceguinhos!
Certamente que nunca foi descoberto e identificado pelas nossas autoridades algum dos responsáveis por estes desvarios que deixaram, obviamente, marcas nas respectivas viaturas! Andam na nossa terra por aí alguns "fângios" ou “azelhas” a pedir uma boa reprimenda, mas que já tarda!
O candeeiro desaprumado que a fotografia documenta encontra-se junto à Igreja Matriz, mas temos ainda mais dois candeeiros tortos: um junto à Tasca do Bento e um outro em frente ao Café Corredoura, sendo este último bem visível dos Paços do Concelho. Todos eles em lugares nobres desta Vila!
Pela sua localização, podemos constatar que, diariamente, quem tem responsabilidades nesta terra passa por eles, mas pelo jeito ou não repara ou está à espera que alguém dê “um empurrãozinho”. Estes três candeeiros que já se encontram, “escandalosamente”, desaprumados há uns bons meses terão de ser, irremediavelmente, endireitados: reparados ou substituídos. Esta intervenção tão necessária poderá continuar a ser adiada?
Não devemos olvidar que estamos no Verão aumentando, por isso, consideravelmente, o número da população residente no nosso concelho. Será que devemos dar a quem nos visita este ar de desmazelo? Apelo mais uma vez à necessidade de se combater com zelo a incúria, corrigindo-se, simplesmente, o que está errado!
Em Maio último pedi, a partir desta tribuna, para a Autarquia acender as luzes. Nessa altura, afirmei que não era necessário reforçar com mais candeeiros a iluminação existente, mas era preciso que a Câmara Municipal de Terras de Bouro acendesse a luz, ou seja, era necessário que os candeeiros existentes estivessem todos acesos. Parece que me fiz ouvir! Em boa hora o fiz porque a entrada da nossa Vila passou a ter luz! Mais um excelente cartão de visitas! Aproveito para dar os parabéns a quem teve a iniciativa de iluminar definitivamente a nossa Vila. Com certeza que devo endereça-los ao senhor Presidente da Câmara!
Aqui fica mais uma vez, apenas o registo do olhar atento e comum de um cidadão que, gostando da sua terra, zela para que a mesma ofereça qualidade de vida a quem aqui vive ou simplesmente passa. Hoje, só peço, unicamente, que endireitem os candeeiros!
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Julho de 2007.

A educação dos nossos filhos

Nós, os pais que nos dizemos católicos, alguns mesmo que em nome de uma coerência irracional se dizem “católicos não praticantes”, vulgarmente demitimo-nos do nosso papel de pais responsáveis e, tal como Pilatos, lavamos as nossas mãos quando entregamos a educação dos nossos filhos às nossas paróquias onde os senhores padres zelosos e, com a ajuda abnegada de catequistas, procuram prepará-los para os diversos sacramentos.
No dia das cerimónias religiosas dos nossos filhos, vestimo-nos a preceito, pomos gel e até queremos estar na primeira fila com a máquina fotográfica digital em punho a pensar, impacientemente, no farto banquete encomendado previamente, mas esquecemo-nos do essencial: da educação dos nossos filhos.
As catequistas, os senhores padres, os professores que eduquem os nossos filhos! Nós não temos tempo para isso! Os filhos são nossos, mas a educação dos nossos filhos pertence aos outros porque somos pais modernos, “morangos com açúcar”. Não somos pais “cotas”, mas “bué de fixes”. Enquanto os nossos filhos crescem com o umbigo ao ar, com crista, com brinco, com “piercing” no nariz, na língua, entre os dentes e nas sobrancelhas, nós não lhes facultamos referências e valores. Nós, pelo contrário, deleitámo-nos na mesa de um café discutindo o futuro: os jogos de futebol, os treinadores e os jogadores. Às vezes, também sobra tempo para uma nova marca de cerveja, talvez mais macia!... Ainda bem que somos sociedade rasca! A dos nossos pais foi a sociedade que foi… E a nossa?!...
O que os falta é tempo. Falta-nos tempo para estimular nos nossos filhos a aquisição de uma maturidade cívica e sócio-afectiva sólida, criando neles atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação que visem a formação de cidadãos civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida quotidiana com qualidade e valor.
Nós, os pais do século XXI, somos pais sem tempo, muito apressadinhos e indignámo-nos quando alguém nos informa do comportamento, das atitudes ou da postura negativa dos nossos filhos. Nós não toleramos que nos falem dos comportamentos ou das atitudes negativas dos nossos filhos. Ai de quem se atreve a dizê-lo!... Eles, “os nossos meninos”, estão acima de tudo e de todos. Estão mesmo muito acima de todas as regras de convivência social! E aos nossos olhos são perfeitos!
Em nome da igualdade, a relação dos nossos filhos adolescentes com os adultos deixou de ser vertical e passou a ser horizontal e, regra geral, quando surge a repreensão ou a chamada de atenção a culpa é sempre dos mais crescidos. Os adultos não os sabem motivar, os adultos não lhes sabem falar!
Será de bom senso sujeitarmos os adultos às grosserias e aos caprichos dos adolescentes?
Apetece-me citar Gil Vicente e dizer que o mundo dos pais “está às avessas, de pernas para o ar”. Mas é tempo de começarmos a endireitá-lo.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Março de 2006.

A nossa “Praça Sony”

A nossa “Praça de Espectáculos” não é uma praça vulgar, faz-me lembrar uma praça nobilitaria própria de um palaxique. Este ex-libris da vila de Moimenta não foi projectado nem por neuropatas, nem por alienados ou doidivanas, muito menos por palonços. É uma praça bem pensada “à boa maneira portuguesa” porque a Câmara fez e, recentemente, a Junta desfez!
A nossa “Praça de Espectáculos” também não pode ser considerada uma praça surrealista. É simplesmente a nossa nomenclada “Praça Sony”! Não é pimponice nossa! Não é uma praceta qualquer, é a nossa “Praça Sony” um verdadeiro repto à praça da Expo. Nós, em Terras de Bouro, também sabemos fazer praças e temos direito a sonhar. “O sonho comanda a vida!”
Deixemo-nos de modesta provinciana e bacoca e analisemos a magnificência da nossa praça. É uma verdadeira obra imponente e sumptuosa comparável com o coliseu de Roma, o maior de todos os anfiteatros romanos, mandado construir pelo Imperador Vespasiano, no primeiro século logo após o nascimento de Cristo. À nossa praça faltam-lhe, entre outras coisas, as escadas de mármore! No futuro, se Deus quiser e nós também, tê-las-emos…
Sentemo-nos no palco e comecemos, tal como Camões, a descrever o que podemos “ver claramente visto” quando percepcionamos a nossa majestosa e olímpica “Praça Sony”. Junto ao palco temos as únicas casas de banho públicas desta vila, mas que estão sempre “fechadas a sete chaves”. Deve ser por falta de pessoal! Ou não se faz e fica-se “apertadinho” ou faz-se pelos cantos!
Bem no centro da praça e porque no centro “está a virtude” preluz uma praça-forte multicolor destinada a ser dominada pela pequenada da Nossa Terra que também tem direito a brincar! Numa tabuleta podemos ver o símbolo heráldico da freguesia, obviamente, obra da Junta de Moimenta. Falta-lhe, quem sabe, uma frase lapidar para ficar para a posteridade, se lá chegarem a tabuleta e o parque infantil!
A maior parte dos utilizadores do Parque Infantil utilizá-lo-ão com muita algazarra, excitação, imaginação e fantasia. Mas como a nossa criançada ainda está no estádio pré-lógico não questionará ninguém sobre a superfície ocupada pelo tapete chocolate onde já abundam coladas pastilhas elásticas e onde, também, os adultos já semearam algumas priscas. Este tapete sintético foi estendido no lugar onde existia anteriormente um lago feita em pedra lavrada que tinha chafarizes que nunca “botaram” água! Que ironia! Somos de Terras de Bouro, de terras de água, e o lago esteve sempre sem gota, “sequinho da silva”! E “para não se meter mais água” fizeram desaparecer dali “o lago magrebino” construído com o erário público! Onde passou o nosso lago seco, vítima da seca prolongada! Onde está essa obra de alvenaria? Qual será o seu futuro?
Esfumou-se! Mais pedra menos pedra, dirão alguns! Mais cêntimo menos cêntimo, dirão outros em tom lacónico! “Que mesquenhice”, dirão os verdadeiros defensores do interesse público!
Relacionemos o Parque Infantil com o astro rei. Esqueceram-se do sol que esturrará as nossas crianças no Verão! Ou será que se pode plantar árvores entre o Parque Infantil e o palco? Pronto: no Verão não se brinca! Ou se brinca de manhã ou à tardinha!
Continuemos a nossa observação desta praça. À nossa esquerda estão quatro toldos encolhidos que só se “espreguiçam” de quinze em quinze dias. Mais abaixo está fechado um contentor branco que foi destinado também para a venda de peixe, mas serve unicamente para guardar as caixas e as canastras vazias do peixeiro que se recusa a vender nesse local. Deve estar à espera do Mercado Municipal! Logo a seguir, está a casa da falecida Rosa da Elvira com a porta de azul descascado escancarada acolhendo, entre outros, “polícias”, garrafas vazias, plásticos. Um paradeiro paradisíaco para as ratazanas e para as moscas!
Se olharmos em frente, bem para o fundo, lobrigámos uma praça mascarrada. Debaixo dos plátanos, à esquerda, temos vulgarmente uma massagada. Um verdadeiro ferro-velho! Mais um colchão! Mais um frigorífico sem abrigo! Mais um rádio esventrado! Mais um fogão sem chama! Mais um televisor! Mais uma máquina de lavar! Mais e mais objectos sabe-se lá de quê! Uma verdadeira sucata! Ali, jazem, às vezes, dias a fio, as pechinchas que ninguém quer! É este vulgarmente o cenário dantesco , bem capaz de abria a boca a um macumã!
Continuando a nossa observação podemos verificar que debaixo dos plátanos, bem à nossa frente, costumam estar parados os camiões do lixo, também o reboque-cisterna do tractor e outros pertences da Câmara Municipal. No último Verão, os camiões do lixo preguicentos ou tostavam ao sol durante o dia ou estavam à sombra dos plátanos exalando um cheiro nauseabundo. Dos transeuntes, principalmente os que utilizavam o parque de estacionamento, só não foram incomodados os que sofriam de parosmia!
Na nossa praça podemos ver que algumas pedras se descolaram. A culpa é da cola e não se colam por falta de cola ou de pessoal! São as esquinas das rampas esmagadas por aselhice ou negligência de algum motorista que não foi responsabilizado!
Perdoem-me a expressão, mas apetece-me desabafar e dizer que temos uma “praça maniqueísta”: de um lado, está o palco onde já fomos embalados, num verdadeiro hino à música portuguesa, por cantores como Mafalda Veiga ou Pedro Barroso; do lado oposto, temos o mistifório: o ferro-velho e os camiões do lixo que deviam estar bem escondidos, na periferia da nossa vila. Mas que mau gosto e que falta de sentido estético!
Será esta a “Praça Sony” que todos nós, garbosamente, queremos mostrar a quem nos visita?
Certamente que não! Acabemos de uma vez por todas com esta miscelândia, para que não nos acusem de acefalismo.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Novembro de 2005.

Armazém alagado

Na manhã do dia 22 de Outubro, na Vila de Terras de Bouro, o armazém de um conhecido comerciante de materiais de construção civil foi alagado, uma vez mais, pelas águas pluviais. Também não escaparam às inundações as garagens e a caixa do elevador no último prédio, Lote 1, da urbanização Sol Nascente.
A intervenção pronta dos Bombeiros Voluntários possibilitou, com recurso a uma bomba, bombear dezenas de centímetros de água que alagavam em toda a sua extensão o armazém.
O comerciante, munido de um ferro de andaime, tentou em vão desimpedir as caixas da Rua Dr. Domingos Maria da Silva. No local, foi-nos dito que o reduzido diâmetro da tubagem que faz a ligação entre as diversas caixas não permite o indispensável escoamento das águas e que este problema só teria solução quando fossem substituídos os tubos antigos por tubos de maior diâmetro.
Pelo que apurámos a Câmara tem ressarcido este comerciante dos prejuízos causados pelos diversos alagamentos.
A ser verdade que a Autarquia foi informada das inundações ocorridas neste armazém e que foi suportando os prejuízos aí causados, é caso para perguntarmos se houve ou não boa administração do erário público! Se tivesse havido, da parte da Câmara, resposta pronta a este problema não teríamos poupado alguns eurosa do dinheiro de todos nós?
A Autarquia, finalmente, já procedeu à substituição das tubagens. A obra, para não fugir à regra, não está finalizada. Entretanto, os moradores, os comerciantes e os transeuntes da Rua Dr. Domingos Maria da Silva esperam e desesperam pelo remendo no alcatrão.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Novembro de 2006.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Santo regressa cem anos depois

No dia dois de Setembro, foi benzida a capela mortuária de S. Pantaleão, na freguesia da Balança. A cerimónia organizada pela Junta de Freguesia iniciou-se às quinze horas e contou com a celebração de uma eucaristia em honra de S. Pantaleão e contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal e com muito povo das freguesias vizinhas que não quis ficar indiferente à bênção desta capela e do santo. Ao longo do dia houve música de altifalante, bailarico e assistiu-se à actuação de um cantor que a solo animou a festa. Neste dia, a festa foi encerrada com uma cascata de fogo preso.
Na “Quinta da Eira”, no lugar de S. Pantaleão, há cerca de cem anos atrás, existiu a Capela de S. Pantaleão. A proprietária da referida capela, a Saraiva, demoliu-a e vendeu a retalho as pedras. O santo teve melhor sorte porque foi vendido para a cidade do Porto.
O desejo de se construir a capelinha de S. Pantaleão era uma aspiração antiga dos moradores deste lugar da Freguesia da Balança, mas foi há doze anos atrás que esta ideia começou a ter “pernas para andar” com a eleição da Junta de Freguesia actual. Satisfazendo o desejo dos moradores, a Junta começou por escolher o local para edificar a capela mortuária tendo solicitado para esse efeito apoio à Câmara Municipal.
Em Dezembro de 2006, iniciou-se no centro do lugar, finalmente, a construção desta capela feita em parceria com a Autarquia. A Câmara forneceu todos os materiais necessários à construção e a Junta de Freguesia suportou os custos da mão-de-obra.
Cem anos depois, a imagem do santo que custou cerca de mil euros e foi adquirida com donativos angariados por uma comissão, regressou ao Lugar de S. Pantaleão, passando a ser este o único santo com este nome existente no distrito de Braga.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Setembro de 2007

VIII Encontro de Cantares de Natal e dos Reis

O município de Terras de Bouro organizou, no dia 7 de Janeiro, o VIII Encontro de Cantares de Natal e de Reis que decorreu na Igreja Paroquial de Moimenta.
O evento contou com a participação de várias instituições locais e alguns grupos corais do nosso concelho que brindaram o numeroso público com actuações alusivas à quadra natalícia, tornando-se num acontecimento que já conquistou um lugar na animação cultural dos terrabourenses.
Sublinhe-se que as participações foram compostas por pessoas de várias idades, incluindo jovens, como “Os Pequenos Cantores de Moimenta”, o que prova que as tradições de Natal ainda perduram entre nós.
Por se tratar de um texto inédito, reproduzimos de seguida a mensagem deixada pelo grupo CALLIDUM que assim reza:
“Outro ano, uma vez mais
Aqui’stamos a cantar
Nesta festa das Janeiras
Para Jesus evocar
Trazemos nova alegria
Melodias, emoções…
Nas palavras, novos versos
Rimas soltas nas canções
Trazemos rios lavados
Espuma branca do mar
Folhas sopradas p’lo vento
Noites lindas de luar
E no olhar, um sorriso
Em ambas as mãos a paz
Trazemos mais um amigo
Ninguém fica para trás
Trazemos lírios do campo
Perfumados p’las manhãs
Urze colhida na serra
Favos de mel e maças
E no olhar um sorriso
Que não se quebrará jamais
Nesta festa das Janeiras
Uma vez mais
Nesta festa das Janeiras
Uma vez mais
(Poema de João Luís)
No final, o presidente da autarquia agradeceu a participação dos vários grupos, entregando-lhes uma placa comemorativa deste encontro e encorajou outras associações a experimentarem a sua participação, não receando a performance dos restantes grupos, pois o espírito do encontro é o da convivência e o de proporcionar momentos de lazer.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2007.

VI Feira-Mostra de S. Martinho

De 10 a 12 de Novembro, realizar-se-á, na Vila de Terras de Bouro, a VI Feira-Mostra S. Martinho nas Terras do Gerês, uma iniciativa que pretende divulgar os produtos regionais e as potencialidades gastronómicas e turísticas do conselho.
A abertura oficial desta VI Feira-Mostra está prevista para as dezasseis horas do dia 10, com visita das entidades aos diversos stands de venda de produtos locais. Às dezasseis horas e trinta, será disputada uma prova de atletismo e, às vinte e uma horas e trinta haverá animação com Música Pop, encerrando o certame às vinte e três horas.
No dia onze, sábado, às dez horas, abrirá a Feira-Mostra. Às onze horas terá lugar a conferência sobre Agricultura Biológica. Às quinze horas, teremos Tocata de Concertinas pelos tocadores do concelho. Às dezasseis horas e trinta, prevê-se a animação tradicional com desfolhada à moda antiga e o ciclo do linho. Ainda está previsto às dezoito horas o magusto tradicional e pelas vinte e uma horas e trinta, teremos animação musical.
Para o dia doze, o programa prevê a abertura da Feira-Mostra às dez horas, animação de rua, a partir das catorze horas, com a Charanga de Vilar da Veiga. Às dezasseis horas actuará o Rancho Folclórico deCarvalheira, realizar-se-á Magusto Tradicional às dezassete horas, prevendo-se a entrega do certificado de participação e encerramento para as dezoito horas.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Outubro de 2006.

Domingo gastronómico

Promovido pela Região de Turismo do Alto Minho, vai realizar-se no próximo fim-de-semana “O Domingo Gastronómico do Concelho de Terras de Bouro”, constando do cardápio os afamados “Feijões com couves”, acompanhados de diversas carnes do fumeiro e regados com azeite, vinagre e alho, como temperos.
Como sobremesa, haverá a aletria caseira, a rescender a canela, tudo devidamente regado com os verdes branco e tinto da nossa região.
Aderiram a este domingo gastronómico, que costuma atrair até nós inúmeros apreciadores, os restaurantes Adega da Vila, Bem Cozinhado, Lua de Mel, Toca do Caçador e Rio Homem (em Terras de Bouro); Cerdeira, Stop (S. João do Campo); Cantinho do Antigamente (Covide); Vessada (Valdozende); Cávado, Estalagem do S. Bento, O Forno, Rita, Sobreiro (Rio Caldo); Adelaide, Baltasar, Geresiana, Lagoa, Lurdes Capela, Pedra Bela, Hotel das Águas (na Vila do Gerês) e Beleza da Serra, Bodas d’Ouro e Salvador (Vilar da Veiga).
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Março de 2006.

Via Intermunicipal Homem-Lima

A primeira fase do projecto da Via Intermunicipal Homem-Lima iniciou-se, no dia dois de Março, com o lançamento da primeira pedra, na freguesia de Moimenta. António Afonso, Presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro e, José Manuel Fernandes, Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, consideram esta infra-estrutura fundamental para ambos os concelhos, na medida em que contribuirá para fixar a população contrariando deste modo o êxodo rural.
Em 2007, a partir do Verão, quando estiver concluída a nova ponte sobre o rio Homem, diminuir-se-á, consideravelmente, a distância-tempo entre os concelhos de Terras de Bouro e de Vila Verde. É, sem dúvida, um passo de gigante, principalmente para o nosso concelho!
A nova ponte de Pesqueiras, bem como os acessos à Estrada Nacional 205-3 (Terras de Bouro) e à Estrada Municipal 531 (Vila Verde), correspondem à primeira fase da Via Intermunicipal e custarão 2.439.628,00 euros mais IVA.
Lamentavelmente, a Via Intermunicipal Homem-Lima não foi assumida pelo Governo, através da sua inclusão no PIDDAC. É caso para dizer que “os senhores de Lisboa” querem que os concelhos do interior, como o de Terras de Bouro, morram aos poucos. Que “grande lata” quando nos vêm falar de Regionalização e do combate às assimetrias regionais! Pura demagogia política!
Terras de Bouro continuará na periferia do distrito de Braga, mas com as novas pontes, indubitavelmente, que ficará menos isolado. A ponte que nascerá em Pesqueiras e a ponte de Souto dar-nos-ão outro tipo de alento e trazem-nos uma nova esperança. No futuro, que desejo próximo, quando estiver concluída a Via Intermunicipal Homem-Lima já não estaremos, obviamente, tão longe das grandes vias de comunicação. Este encurtar de distâncias de distâncias é indispensável para o nosso desenvolvimento. Nós terrabourenses sabemos que devido, principalmente, a factores naturais nunca conseguiremos atingir o crescimento dos concelhos vizinhos, contudo, não nos furtaremos a esforços para que o nosso concelho progrida. Salvaguardaremos sempre um desenvolvimento feito de forma estruturada e bem pensada para que Terras de Bouro cresça de forma sustentada.
Quando afirmam que Terras de Bouro tem potencialidades imensas, isso já nós o sabemos há muito tempo!
Hoje, o que exigimos é que o Governo contemple com verbas do PIDDAC a segunda fase da Via Intermunicipal, entre a estrada Municipal 531 e a Estrada Nacional 101, na Portela do Vade. Se o fizer, como manda o bom senso, a Câmara Municipal de Vila Verde ficará mais aliviada e nós, terrabourenses, melhoraremos, definitivamente, as nossas acessibilidades.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Março de 2006.

Festa de Santo André

Realizou-se, no primeiro fim-de-semana de Novembro, a tradicional festa em honra de Santo André, padroeiro da freguesia de Moimenta.
No dia 3, teve lugar uma procissão de velas e a noite foi animada por um conjunto musical, encerrando-se este dia chuvoso com uma sessão de fogo de artifício.
Do programa do dia 4, destacou-se a Missa Solene às 10.30 horas, pelas 14 horas um Bazar seguido de um Magusto Paroquial. As festividades foram encerradas com mais uma sessão de fogo de artifício.
Ainda neste dia e imediatamente a seguir ao Magusto Paroquial, o senhor Padre Fernando Bento convidou os presentes a visitar as futuras instalações da creche. Esta nova valência do Centro Social e Paroquial de Moimenta funcionará, a partir de Janeiro, nos fundos da Igreja Matriz.
Entretanto, é de salientar que, no dia 8, se assinalou o dia da Imaculada Conceição, padroeira do Lar e Centro Social e Paroquial, tendo sido celebrada missa seguida de Porto de honra.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Dezembro de 2005.

Terras de Bouro acolhe V Feira-Mostra

A Câmara Municipal realizou a V Feira-Mostra, “S. Martinho nas Terras do Gerês”, nos dias 11, 12 e 13 de Novembro. A Praça de Espectáculos, na Vila de Terras de Bouro, foi o lugar escolhido para receber este evento. A sessão de abertura decorreu no dia 11 pelas dezassete horas e foi feita pelo Presidente da Câmara, António Afonso, que destacou a importância desta iniciativa para a promoção de “produtos inquestionavelmente genuínos e autênticos” do nosso concelho. À noite, o Grupo de Concertinas do Vale do Homem e o debulhar das espigas foram as principais atracções.
No dia 12, os escuteiros de Moimenta, Chorense e da Portela do Vade dinamizaram jogos de animação infantil. À noite, no Encontro de Tunas Universitárias, estiveram no palco a tuna do ESAD (Escola Superior de Arte e Design do Porto), da Escola Superior de Viana do Castelo, da Faculdade de Filosofia de Braga e a “Caricatuna” (do ISAVE da Póvoa de Lanhoso) tendo esta última colaborado na organização deste encontro. Infelizmente, o frio fez com que a Praça de Espectáculos estivesse praticamente vazia.
Na manhã do dia 13, os lavradores do nosso concelho expuseram animais bovinos autóctones e garranos. Logo após o almoço, o desfile de uma junta de bovinos possibilitou às nossas crianças o passeio de carro de bois. Também houve para os mais pequenos passeio de charrete puxada por um pónei.
A Banda de Carvalheira tocou e encantou apesar do frio. Depois, foi a vez de estar no palco o Rancho Folclórico de Paradela (Valdozende) que recreou, e bem, as nossas cantigas e danças tradicionais.
Para o ano, se S. Pedro nos quiser ajudar dando-nos o Verão de S. Martinho, não teremos de comer a castanha da padaria e quem sabe se possa realizar o passeio equestre e, também, possamos assistir aos jogos tradicionais. Contudo, a organização esteve à altura desta feira, mas o frio e a chuva são imponderáveis que ninguém pode contrariar.
Esta exposição e venda de produtos do concelho e de outras regiões trouxe, à nossa Vila de Terras de Bouro, muitos forasteiros que puderam visitar dezenas de stands onde estavam expostos produtos artesanais, agrícolas, regionais e biológicos. Para além das quadras, lendas e provérbios de S. Martinho, também foi possível assistir ao vivo ao ciclo do pão e ao ciclo do linho.
Nos anos anteriores, os stands deste certame foram colocados ao longo da Avenida Paulo Marcelino e também em frente aos paços do concelho. Relativamente à localização desta V Feira-Mostra as opiniões dividem-se: uns aprovam-na e outros não. As vozes mais discordantes foram as dos donos dos cafés e restaurantes que acusaram a Câmara de autismo. As vozes discordantes afirmaram que não compreendem os gastos feitos com a iluminação, na Avenida Paulo Marcelino, considerando-os um despesismo desnecessário porque não foram lá instalados os stands desta feira. Exigem ser ouvidos na localização dos eventos, para que de facto se promova também a indústria de restauração fundamental para o desenvolvimento do concelho.
Entretanto, esperemos por melhores dias e também pela próxima Feira-Mostra para que as caixas registadoras não fiquem tão vazias.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Novembro de 2005.

S. Martinho e Orientação animam Terras de Bouro

Nos dias 10, 11 e 12 de Novembro, realizou-se, na Vila de Terras de Bouro, a VI Feira-Mostra “S. Marinho nas Terras do Gerês”. Com esta iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, pretendeu-se divulgar, principalmente, o artesanato, os produtos agrícolas e a gastronomia da região.
Este ano, os stands da VI Feira-Mostra não foram colocados na Praça de Espectáculos, mas regressaram, para satisfação dos comerciantes locais, ao centro da vila. Com esta nova localização, na Avenida Paulo Marcelino e nos Paços do Concelho, a Autarquia revelou bom senso e respeitou, principalmente, os interesses da indústria de restauração fundamental para o desenvolvimento do nosso concelho. De facto, este ano os comerciantes não podem queixar-se, tal como no ano transacto, de verem as caixas registadoras mais magras, apesar de estarem menos stands neste evento.
Com a presença de 600 participantes, no mesmo fim-de-semana de S. Martinho, teve lugar “O Grande Prémio de Orientação”, em Santa Isabel do Monte. Com esta prova, organizada pelo Clube de Orientação do Minho e pontuável para a Taça de Portugal da Federação Portuguesa de Orientação, pretendeu-se divulgar e dinamizar esta modalidade que ganha cada vez mais participantes.
Para além de se praticar uma actividade física e desportiva, esta prova constitui-se como mais uma boa oportunidade para a divulgação do nosso concelho e, em particular, da beleza natural de Santa Isabel do Monte. Esta aldeia situada num planalto a 900 metros de altitude, vai conservando intactas a maior parte das casas de granito seculares e o ambiente rural característico das antigas aldeias portuguesas.
Bem haja ao Clube de Orientação do Minho por ter escolhido o nosso concelho!
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Novembro de 2006.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Senhor “engenheiro”!

Em entrevista à SIC, o senhor “engenheiro” José Sócrates admitiu pela primeira vez que a economia portuguesa não deve escapar à recessão, à semelhança do que está a suceder por todo o mundo. Se durante muito tempo o senhor “engenheiro” afiançou aos portugueses que a crise não existia, nesta entrevista foi-lhe impossível manter esta garantia porque, infelizmente, a situação que o nosso país atravessa é gravíssima e muito anterior à anunciada crise internacional.
Na entrevista dada à SIC, faltou ao o senhor “engenheiro”, por falta de argumentos, a arte e o engenho para se desculpar. O senhor “engenheiro” não foi capaz de encontrar as razões que justificam a má situação económica do país, o aumento do desemprego e o agravamento da profunda crise social.
Relativamente ao desemprego, o site do IEFP informa que, no final de Novembro, 408.598 pessoas continuavam registadas, nos centros de emprego, como desempregados, mais 2,9% do que há um ano atrás. O despedimento unilateral foi, em Novembro, a causa da inscrição de mais de 10.500 pessoas, o que representa um aumento homólogo de 54%. Também os despedimentos por mútuo acordo aumentaram, nesse mês, 60% para mais 1384. O aumento do fluxo de novos desempregados verificou-se em todas as regiões do País, com o Norte (+28%) e Lisboa e Vale do Tejo (+27,4%) a registarem em Novembro as maiores variações homólogas. O Norte é a região que mais contribui para o número de inscritos.
Se a contracção da economia portuguesa se vai prolongar durante todo o ano de 2009, acarretará, irremediavelmente, implicações “dramáticas” na vida dos portugueses, principalmente a nível do emprego. A produção, inevitavelmente, decrescerá e os rendimentos, em geral, também decrescerão e teremos, portanto, a quebra dos proventos e o aumento do desemprego porque reduzindo-se a produção reduzir-se-ão também os postos de trabalho.
Só dando prioridade à actividade económica é que se conseguirá defender o emprego e apoiar os desempregados. Esta devia ser a preocupação do senhor “engenheiro antes de pedir aos Portugueses que o mantenham no “poleiro”. Na entrevista dada à SIC, José Sócrates, em nome das actuais circunstâncias e da estabilidade política e governativa, apelou à maioria absoluta por a considerar importante para Portugal. Treta! Pura conversa de treta!
Senhor “engenheiro”, nós Portugueses precisamos urgentemente de saber qual é a sua resposta para minizar os efeitos da crise na realidade social!
Senhor “engenheiro”, nós Portugueses queremos saber de que forma vai travar o crescimento da pobreza e dos focos de fome!
Senhor “engenheiro”, a situação em Portugal não será muito mais grave do que aquilo que tem vindo a público dizer?
Senhor “engenheiro”, não estaremos perante um descalabro total depois de exigir tantos e tantos sacrifícios aos Portugueses?
Entretanto, o senhor “engenheiro” José Sócrates não responde e quando o faz vai branqueando as suas responsabilidades. Deste modo, o senhor “engenheiro” consegue resistir à crise económica, às manifestações em massa e aos escândalos na Banca. E com um PSD pouco firme que caminha sabe-se lá para onde, o senhor “engenheiro” José Sócrates lá vai passeando a sua arrogância enquanto cresce a angústia e a incerteza quanto ao futuro.
E sem alternativa credível, os Portugueses sonham com um novo D. Sebastião e vão alimentando os tiques de autoritarismo deste governante sabe-se lá até quando!
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2009.

A Saúde que temos!

Quando se recorre pela primeira vez à urgência de um hospital, espera-se que o médico (que nós reverenciamos e a quem chamamos doutor) seja um elemento indiscutivelmente fundamental no atendimento ao paciente. Infelizmente, isso não acontece porque uma “doença” típica dos nossos hospitais e centros de saúde é o trabalho que, muitas vezes, é feito num corre-corre. Então, sentimos na “pele” que o relacionamento com o pessoal da Saúde nem sempre é o melhor e, inúmeras vezes, até chega a ser desumanizante. A verificação desta realidade passa pela linguagem vulgarmente utilizada, pela falta de tempo para ouvir e compreender o doente e, acima de tudo, pela frieza e indiferença perante situações que deveriam ser tratadas de um modo afectivo.
Não é o medico-técnico que importa, este tem de aliar-se, indissoluvelmente, ao homem médico. Para isso, deverá saber ouvir e falar, pois perante si está um ser humano que merece todo o respeito. Diagnosticar com responsabilidade, deve ser, também, uma exigência constante, para que o mau profissionalismo não possa causar males irreparáveis ou provocar situações que ponham em causa a integridade física de todo aquele que tem pleno direito à Saúde.
É na consideração pelos valores humanos que deve fundamentar-se toda a conduta médica. Dedicação ao seu doente, ultrapassando sempre atitudes formais ou técnicas, obviamente necessárias à qualidade de médico, deve ser, não uma excepção, mas um modelo a seguir por todos.
Parece haver falta de formação cívica e ética no seio da classe. A deontologia profissional exigida pela Ordem dos Médicos a todos os seus elementos tem sido praticamente desprezada e o resultado está à vista!...
São muitas as queixas daqueles que recorrem ao serviço público de Saúde. As notícias de negligência médica sucedem-se, mas em Portugal, para não variar, nunca são encontrados e responsabilizados os culpados!
O estado em que se encontra a nossa Saúde é deplorável. É necessário reflectir e encontrar medidas adequadas à sua dignificação. Todos sabemos que melhorando é que podemos erradicar “os males” da nossa Saúde.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Abril de 2006.

Na VIII Feira, bois não ganham para o susto!

Nos dias 7, 8 e 9 de Novembro, realizou-se na Vila de Terras de Bouro a VIII Feira-Mostra “S. Martinho nas Terras do Gerês”. Este certame, que já vai na oitava edição, propõe-se divulgar o artesanato, os produtos agrícolas e a gastronomia do nosso concelho.
Este ano, tal como vem sendo habitual, esta Feira-Mostra não foi muito diferente das anteriores. Exceptuou-se a “Corrida de Cavalos” que costuma atrair “um mar de gente”, mas não teve, talvez por culpa de S. Pedro, a multidão do ano transacto. Deste evento quero realçar, pela positiva, a divulgação do Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental e Rural e, pela negativa, a “Chega de Bois”.
A Escola EB 2,3/S Padre Martins Capela apresentou um “stand” para a divulgação do Curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural que tem por finalidade formar técnicos intermédios de nível III altamente qualificados para participar na aplicação de medidas de valorização do turismo em espaço rural, executando serviços de recepção em alojamento rural e de informação, organização e animação de eventos. O aluno que conclua toda a formação com aproveitamento obterá um Certificado de Qualificação Profissional nível III que lhe dará a equivalência ao 12.º ano, permitindo-lhe o ingresso no mercado do trabalho ou o acesso ao ensino superior.
Esta oferta formativa possibilitará aos formandos as seguintes saídas profissionais: gestão de unidades de turismo em espaço rural; departamentos sócio-culturais das câmaras municipais; atendimento nos serviços de turismo, agências de viagem; parques de campismo, pousadas de juventude, parques naturais e marinas; e empresas ou associações de acompanhamento e animação cultural e/ou desportivas.
De facto, para a sobrevivência do nosso concelho temos de apostar no turismo em espaço rural para criarmos um novo fôlego no desenvolvimento local e evitarmos a desertificação. Precisamos de criar cada vez mais serviços e actividades relacionadas com a natureza como, por exemplo, os trilhos pedestres (uma boa aposta), para atrairmos cada vez mais turistas.
A “Chega de Bois”, no dia 9 de Novembro, atraiu muita gente, mas os bois, caprichosamente, não quiseram colaborar. A pequena multidão, concentrada no campo do senhor Paulo Antunes, esperou em vão para ver as cabeças dos bois a marrar estrondosamente. Mas estes bois foram frouxos e contrariaram a regra geral: sempre que são colocados frente a frente, os bois concorrentes iniciam "uma dança" que se prolonga mais ou menos no tempo, dependendo da força de cada animal, e durante a qual investem, enfrentando-se com violência, entrelaçando os chifres, afastando-se e voltando ao confronto. Mas para frustração dos espectadores, as bestas “não se pegaram”. O público que não arredava pé esperou, pacientemente, pela luta mais de uma hora. Os “chegadores” tudo fizeram para consumar a “chega”. E com a impiedosa força das varas de marmeleiro, dispuseram os bois, no “campo de batalha”, primeiro aos pares e por fim juntaram os três bois lutadores. Mas nada! Quem já assistiu a eventos semelhantes sabe que estas lutas poderão atingir contornos imprevisíveis. Felizmente, neste "chegódromo" improvisado e sem condições de segurança, a assistência não teve de “fugir a sete pés”. Infelizmente, há somente a registar a queda da roda traseira de um dos camiões de transporte das bestas num enorme buraco, na Rua da Rêga. O camião que transportava dois dos bois ficou imobilizado e encostado a uma árvore e com o semi-eixo apoiado no chão. Mas sem retroescavadora e graças à ajuda de populares e de um “todo terreno” lá se conseguiu retirar o camião. Este aqueduto, onde já caíram alguns motoristas incautos, espera uma tampa desde que foi feita a obra de calcetamento da rua, já lá vão cerca de oito anos! É caso para dizer que desta vez os bois não ganharam para o susto! Esperemos que este aqueduto, por desleixo, não pregue qualquer dia a partida de “engolir” uma criança!
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Novembro de 2008.

Ponte de Pesqueiras abre ao trânsito

No dia 23 de Setembro, com a presença dos presidentes das Câmaras Municipais de Terras de Bouro e de Vila Verde, António Afonso e José Manuel Fernandes, respectivamente, a “Ponte de Pesqueiras” foi aberta, pela primeira vez, ao trânsito.
A construção desta infra-estrutura rodoviária constitui a primeira fase da Via Intermunicipal que prevê, esperemos num futuro próximo, a ligação à A3 em Ponte do Lima.
Este projecto foi financiado pelo Fundo Social Europeu de Desenvolvimento Regional e custou, contando com expropriações e terrenos, três milhões de euros. De acordo com os edis “a cada autarquia coube 25% do investimento total”.
A construção da ponte e dos respectivos acessos, primeira fase da Via Intermunicipal Homem-Lima, só foi possível graças à parceria entre os dois municípios que em estreita cooperação suportaram a componente Nacional deste investimento.
A “Ponte de Pesqueiras”, com 135 metros de comprimento e 42 metros de altura, poderá potenciar o desenvolvimento económico e social do Vale do Homem e enquadra-se numa estratégia intermunicipal que inclui também a Ponte de Souto.
Sendo uma obra demasiado importante não pode ser esquecida pelo Governo a quem compete assumir definitivamente este projecto. Os municípios de Vila Verde e de Terras de Bouro não devem substituir-se a esta obrigação do Poder Central que deverá combater as assimetrias regionais deste País. Para além de ser uma via fundamental para o Norte de Portugal e, em particular, para o desenvolvimento dos concelhos de Terras de Bouro e Vila Verde, esta infra-estrutura contribuirá para o combate à desertificação, principalmente, do nosso concelho.
Ainda não há data marcada para a sua inauguração oficial. Entretanto, mantém-se o diferendo entre o empreiteiro e o projectista por causa da queda de um muro de suporte à via. Logo após a travessia da ponte, e já no concelho de Vila Verde, a passagem na estrada está estrangulada não oferecendo as melhores condições de segurança. Mas se os condutores respeitarem a sinalização, certamente, que não acontecerá acidente nenhum. Contudo, as autoridades devem estar atentas ao exagero de velocidade de alguns automobilistas que mesmo sem “tunning” ultrapassam os limites de velocidade legalmente previstos.
A “Ponte de Pesqueiras” aberta a automobilistas e a peões é o culminar duma antiga e legítima aspiração dos povos do Vale do Homem. Vem com muitas décadas de atraso, mas é, sem dúvida, a obra que maior impacto vai ter na nossa região.
As populações de Terras de Bouro e de Vila Verde estão de parabéns e acredito que esta travessia trará desenvolvimento à nossa Terra.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Outubro de 2008.

Jogador de Futebol

No dia 8 de Junho, na página 10 do “Jornal de Notícias”, anunciava-se: “Oferta formativa 2008/2009, Terras de Bouro”. Este anúncio que ocupava um quarto de página do supracitado jornal publicitava os cursos que a Escola Profissional “Amar Terra Verde” oferecerá para 2008/2009 no nosso concelho. Tudo, aparentemente, normal se não fosse a oferta formativa do Curso de Educação e Formação T2 – Jogador de Futebol.
Este curso não sei a que se destinará? Talvez a distinguir a bola do árbitro ou o apito dourado do azul ou do verde!
Indubitavelmente que os nossos jovens jogarão à bola e obterão a equivalência do 9.º ano. Grande aposta!
Sem dúvida que este curso não oferecerá as competências essenciais e estruturantes e, também, os tipos de experiências de aprendizagem que devem ser proporcionadas no ensino básico aos nossos jovens.
Enfim, parece uma anedota...
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Julho de 2008.

A “nossa funciolândia”

Na “nossa” “funciolândia”, verifica-se a existência da “principelândia”, da “gastolândia”, da “chefolândia”, da “porreilândia”, da “grosselândia” e da “promiscuilândia”…
Fim à “gastolândia” porque é tempo de limitarmos os poderes dos “príncipes” que nas diversas repartições e serviços contribuem, por má gestão e laxismo, para o despesismo desmesurado da nossa “máquina” do Estado. Os gastos excessivos aliados a alguma corrupção são um cancro que mina a “saúde” da nossa sociedade e que vai corroendo, cada vez mais, a confiança dos cidadãos nas instituições. Cabe a todos nós, especialmente aos que assumem posições de responsabilidade, combater este flagelo de forma determinada… Acabe-se com esta moléstia para que a “funciolândia” não “coma” metade daquilo que o país produz! Tal como as ervas daninhas, “mama-se” o dinheiro dos nossos impostos, que depois, certamente, não chegará para pagar reformas condignas! Como os impostos não são elásticos, resta-nos confiar no crescimento económico e na redução da despesa pública prometida por Sócrates. Esperemos para ver…
“Chefolândia” porque temos a mania dos chefes, dos subchefes, dos chefes dos chefes e de outros chefes que, às vezes, não têm ninguém para chefiar. Para chefiar não será preciso perfil?… Não. “Tu passas a chefe!” Faz-se uma chancela e empoleira-se mais um chefe! Pura mentalidade tribal! Não. É a meritocracia cíclica: “chegou a minha vez”. Resultado: o chefão não exige o respeito pelas hierarquias e, às vezes, a empregada de limpeza manda mais do que ele próprio!
“Porreilândia” quando meia dúzia de estarolas pedem uma carrinha e vão à Golegã a uma feira de cavalos. “Nós metemos o gasóleo!”… Graças à ferradura, de facto, não houve qualquer problema! Quantos quilómetros custou esta extravagância? Que observação mais patética!...
“Grosselândia” sempre que o utente, o munícipe, o cidadão ouve com desdém e arrogância: “Já lhe disse para vir noutro dia!... Não sabe ler?! Quem manda aqui dentro não é você, sou eu!... Não estou para o aturar”… Mas que deferência! Na “funciolândia” formação precisa-se!
“Promiscuilândia” quando nos computadores de algum serviço público estão pastas e ficheiros, por exemplo, duma Junta de Freguesia… Quando chegará o asseio aos computadores?
“Italianização” e “omnissacaria” por favores e jeitos duvidosos. Para quando atitudes severas e rigorosas. Operações “Sacas Limpas” precisam-se?...
Com uma máquina calculadora e com a ajuda da Matemática poderemos verificar a “gastolândia” que vai sendo apanágio de alguns dos “boys” desta "sociedade democrática". Os exemplos seriam muitos para ilustrar o esbanjamento de dinheiro: a luxuosa frota automóvel com os respectivos custos de manutenção, os telemóveis, as despesas de representação e por aí fora… Benesses e mais benesses… Para se conhecer a soma desta “gastolândia” seria necessário fazer-se uma adição com muitas parcelas. Resultado: uma soma astronómica!
Tal como Eça de Queiroz afirmou em “Uma Campanha Alegre “a certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o País está perdido. Ninguém se iluda. Diz-se nos Conselhos de Ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete, que de norte a sul, no Estado, na economia, na moral, o País está desorganizado – e pede-se conhaque!Assim, todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão”.
Em que deferimos da época de Eça de Queiroz?
Hoje, para além dos quadros excedentários na “funciolândia”, só temos a mais, seguramente, o correio electrónico, a Internet e as ajudas da Europa.
Para resolver muitos dos problemas, principalmente, o espírito corporativista que teima em encobrir, por exemplo, o amontoar de serviço, devemos debater com frontalidade o que se tem de mudar na “funciolândia”, como se vai mudar e quem vai pagar a mudança, para que Portugal não seja corroído pela “gastolândia” exagerada e descontrolada em que foi caindo. Gastar continuamente não nos é mais possível!
É tempo de reformarmos o modelo profissional da “funciolândia” que tem muitos anos e que não serve os interesses do Estado. Para isso, queremos “mão pesada” para todos aqueles “funciolândios”que de profissionais não têm nada e que teimam na prestação de um mau serviço público.
Acredito que na Função Pública o reconhecimento do mérito comece a fazer parte integrante das diversas carreiras. Por um lado, promover-se-á a comunicação eficaz entre as hierarquias e, por outro lado, fomentar-se-á o desenvolvimento profissional dos recursos humanos. Hoje, em alguns sectores, já se vai exigindo, entre outras, o estrito cumprimento das regras da assiduidade e de pontualidade.
Entretanto, o “sapatinho” dos funcionários públicos vai ficando cada mais pequenino e, infelizmente, adivinham-se dias bem piores.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2007.

Iluminação de Natal

Com já vem sendo habitual, neste Natal, a Câmara Municipal apresenta, na Avenida Paulo Marcelino, uma iluminação de Natal elegante.
O aproveitando das árvores existentes continua a ser feito com bom gosto criando-se uma harmonia e um brilho multicolor dignos de registo.
Publicado em 2o de Dezembro de 2008

Habitação social

Na luta contra a pobreza já foi feita pela Câmara Municipal, na freguesia de Moimenta, um trabalho meritório, nomeadamente no bairro do Bandoneiro.
Contudo, ainda há neste bairro uma família a necessitar do apoio dos Serviços Sociais da Autarquia. Aproxima-se o Natal e convém lembrar que, no Bandoneiro, há um casebre terceiro-mundista onde vive uma família sem qualquer conforto à espera de uma habitação social. A inexistência de casa-de-banho, por exemplo, que obriga os que lá moram a fazer o “xixi” e o “cocó” num balde, combinadas com a falta de espaço e com a humidade excessiva tornam as condições de vida difíceis para essa família.
Como todo o homem é nosso irmão e estamos na quadra natalícia será nobre não esquecer que há um casitéu onde vive uma família a precisar de solidariedade e de ajuda.
Realizou-se, no primeiro fim-de-semana de Novembro, a tradicional festa em honra de Santo André, padroeiro da freguesia de Moimenta.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Dezembro de 2005.

Cantares de Natal e Janeiras em Terras de Bouro

Realizou-se, no dia oito de Janeiro, o VII Encontro de Cantares de Natal e Janeiras, na vila de Terras de Bouro.
Esta iniciativa que já vai na sétima edição teve lugar na Igreja Matriz de Santo André que se encheu para acolher esta iniciativa da Câmara Municipal de Terras de Bouro.
A abertura deste VII Encontro foi feita às quinze horas pela Banda Musical de Carvalheira. Depois, seguiu-se depois o Grupo Coral da Igreja Metodista de Valdosende, o Grupo Coral de Cibões, Pequenos Cantores de Moimenta, Grupo Coral de Chorense, a URZE, o Grupo coral de souto, o Grupo Coral de Vilar, CALIDUM Grupo de Autores Minhoto-Galaicos, Grupo coral de Moimenta, Associação de Paradela Valdosende e Núcleo Rio Homem.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2006.

Terras de Bouro: intervenção no Centro Cívico

A Câmara Municipal iniciou em Dezembro último uma intervenção no Centro Cívico da vila com vista ao melhoramento desta infra-estrutura que se encontrava muito degradada. A mudança das telas dos terraços da cobertura deve pôr, certamente, termo à infiltração da água das chuvas e às humidades bem visíveis nos tectos. Contudo, devido à elevada precipitação da nossa região, a melhor solução talvez fosse colocar um telhado em todo o edifício. A arquitectura existente faz lembrar as açoteias algarvias que são bem úteis nessa região para o aproveitamento das águas das chuvas.
Como Terras de Bouro não se localiza no Algarve, confiemos nos serviços técnicos da Autarquia para que o problema da infiltração da água pelos terraços fique definitivamente resolvido.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2006.

O tradicional vai morrendo aos poucos

José Maria da Rocha, mais conhecido pelo senhor Rocha foi um exímio jogador do pau. Este terrabourense nasceu em 19 de Março de 1929 no lugar do Assento na Freguesia de Cibões. Com apenas 9 anos de idade foi servir como moço de lavoura para a freguesia de Santa Isabel do Monte onde lhe pagavam um salário anual de 300$00. Com 13 anos vai trabalhar para a casa do Feixa, em Vilarinho da Furna, e vê o seu salário anual aumentado para o dobro. Em Vilarinho, as suas principais tarefas eram regar os campos de milho e guardar as cabras na serra. Aos 14 anos decidiu encontrar melhor sorte em Lisboa. Na capital, começou como ajudante de cozinha numa pastelaria de fabrico para revenda. Mais tarde foi trabalhar para a pastelaria Áurea, na rua do Ouro, e a seguir trabalhou na pastelaria Marques na Avenida Almeida Garrett. Foi com colegas seus da cozinha que aprendeu a assinar o seu nome porque na sua infância não havia escola.
Inicia a sua actividade de cozinheiro propriamente dita no Hotel Florida onde permanece até a ida para a tropa. Cumpre o serviço militar na Base Aérea nº1 de Sintra e volta ao Hotel Florida. Volvidos três anos, muda para o Hotel Espadarte em Sesimbra e mais tarde para o Hotel Turismo da Ericeira. Esta itinerância nunca se deveu ao facto de não gostar de trabalhar nestes locais ou de ser preguiçoso, mas à procura de melhor salário. Foi somente em 1951 que obteve os seus primeiros oito dias de férias. O senhor Rocha trabalhou como cozinheiro ainda noutros locais e chegou a viver a aventura da emigração em França durante cerca de sete anos.
Hoje, na reforma ajuda e apoia a sua esposa que devido a um glaucoma praticamente se encontra cega.
O senhor Rocha confidenciou à reportagem do “Geresão” que a reforma de França, com descontos apenas de sete anos, é bem maior do que a reforma portuguesa. “Após 38 anos de trabalho na indústria hoteleira, a pensão de França é mais do dobro que a pensão da hotelaria”.
Afirma com tristeza que “a freguesia de Cibões está envelhecida, as casas dos lavradores estão vazias, as alfaias agrícolas estão paradas e os campos ao abandono. Dantes era gente por todo o lado, agora é uma miséria.” No entanto, considera que há actualmente aspectos positivos “porque temos luz, telefone e estradas.” Insiste em comparar o passado com o presente: “Dantes era tudo cheio de gente. Agora, toda a gente foge. A lavoura não dá quase nada. Uma profissão que vai dando ainda é a de cozinheiro, mas tem que se fugir daqui.”
Foi em Santo António de Missões da Serra que o senhor Rocha aprendeu a jogar o pau com José Pelote e também com o João Quinteiro de Bergaço. Queixa-se da falta de reconhecimento. “Nunca foi feita uma homenagem a qualquer um dos jogadores de pau do nosso concelho e nunca nos deram a conhecer. O João Quinteiro foi para mim o maior jogador do nosso País.”
Em Lisboa, na década de 50 o senhor Rocha inscreveu-se no Atelier Comercial tendo recebido aulas do mestre Domingos Miguel e do contramestre António Antunes Caçador. Frequentou esta escola durante 30 anos. Fez demonstrações no Estádio da Luz, nas festas de Vila Franca de Xira no Pavilhão dos Desportos, e em muitos outros locais.
Actualmente ainda recebe inúmeros convites para fazer demonstrações, mas as pernas já não o ajudam.
O senhor Rocha fez questão de mostrar à reportagem do “Geresão” a sua infindável colecção de varas. São às dezenas. Há varas para todos os gostos. Umas são de lodo, outras de junco e outras de marmeleiro. Parte delas foram feitas pelas suas mãos. “A protecção de metal que as varas têm nos extremos são para não esgaçarem”, explicou o senhor Rocha.
No que concerne ao jogo do pau esclarece que “isto não é um jogo de pau, mas esgrima do pau nacional que já vem do tempo do rei D. Carlos (finais do século XIX e princípios do século XX).”
Foi há 26 anos atrás que criou, na vila de Terras de Bouro, a convite do Presidente da Câmara Municipal, José Araújo, a escola do jogo do pau que veio a funcionar regularmente durante oito anos. Esta escola terminou, apesar do número sempre elevado de alunos, devido ao problema de artroses que começaram a limitar a sua mobilidade. “Porque as voltas que o pau dá por cima no ar, as pernas têm que dar as mesmas voltas por baixo.” As pernas mataram-lhe outra das suas grandes paixões: a caça porque não lhe permitem longas caminhadas pelos montes de Cibões.
“Foram oito anos de professor”, recorda com saudade. Mobilizou muitos jovens terrabourenses para a prática do jogo do pau. No nosso concelho e noutros locais, o senhor Rocha e os seus pupilos fizeram inúmeras exibições. Recorda-se com carinho de todos os seus alunos e destaca o Luís da Souta e o Álvaro do Pereirinha que eram jovens muito empenhados e assíduos.
Jogou o pau com indivíduos de Espinho, Melgaço, Sesimbra e de outras localidades do nosso País e foram muitos os episódios caricatos. Uma vez jogou o pau com um indivíduo chamado Adelino Barroso na vila de Terras de Bouro. Foi num dia de feira, na “Leira do Sousa”, por debaixo do Escola Padre Martins Capela depois desse indivíduo o ter desafiado. O Adelino Barroso atirou-se muito impetuoso e o senhor Rocha foi desviando o seu corpo das varadas. Deixou-o entusiasmar-se e o resultado “foi ter rachado a cabeça ao Adelino Barroso com uma boa varada”.
Uma outra vez estava a jogar o pau com um indivíduo que lhe atirou uma varada, conseguiu desviar-se, mas o outro jogador cortou-lhe o cinto com a pancada.
Muitas vezes chegou a estar cercado por quatro ou cinco homens, mas defendeu-se sempre “porque as pernas ajudavam”.
O senhor Rocha aconselha a nossa juventude a valorizar o que é tradicional e aprender o jogo do pau. “O jogo do pau faz parte da nossa tradição e pode ser usado em legítima defesa. Mas, hoje, não há quem queira aprender a tocar cavaquinho, por exemplo, ou aprender outra coisa qualquer. O que é tradicional, infelizmente, vai morrendo aos poucos.”
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2006.

Força, Padre Bento!

A nova Creche de Moimenta, com capacidade para acolher vinte crianças, inaugurada no final de Fevereiro, custou 256.253 euros. Este projecto teve comparticipações de fundos comunitários e nacionais, mas mais de cento e vinte e três mil euros foram suportados pelo Centro Social.
No dia da inauguração, o senhor padre Fernando Bento prometeu “um serviço de primeiríssima qualidade” e afirmou que “são equipamentos como este que fomentam a natalidade e fixam as populações permitindo também uma maior socialização e desenvolvimento das capacidades das crianças”.
Há uns anos atrás, ninguém ousaria pensar que, por iniciativa religiosa, a paróquia de Moimenta viesse a dispor de novas valências. Mas graças ao dinamismo e ao espírito empreendedor do nosso pároco, Fernando Bento, as grandes obras foram surgindo. Das suas principais iniciativas, destaco a construção da Igreja Matriz, o ATL que funciona há oito anos e o Lar de Idosos. Este último, como não oferece as condições necessárias, devido sobretudo à existência de barreiras arquitectónicas, já tem projecto e orçamento de um milhão e duzentos e cinquenta mil euros. É uma questão de tempo! Conhecendo o espírito empreendedor do senhor padre Fernando Bento, dia menos dia, Moimenta beneficiará de um novo Lar de Idosos.
Labor desinteressado e determinação – são algumas das palavras que eu julgo ser significativas para compreendermos o espírito do nosso pároco que nós, felizmente, temos a sorte de ter. “O querer é tudo na vida. É a vontade que move montanhas”, eis o retrato daquele que serve com abnegação a freguesia de Moimenta. Servir a paróquia, seguindo princípios inabaláveis, com uma mentalidade e vontade “férreas” aliados à seriedade, honestidade, amizade e altruísmo, eis os valores deste pastor que procura o bem-estar “do seu rebanho”.
Força, Padre Fernando Bento! Um grande bem haja!
Publicado em Março de 2006

Liberdade religiosa

Todos os homens têm o dever de procurar a verdade, principalmente no campo religioso, sendo por isso falso afirmar-se que a religião é de importância secundária, sem relevância nas relações humanas.
Desta premissa resulta que nenhum homem ou lei deve opor-se à busca e reflexão incessante em torno do sentido e do fim da existência humana.
Na Antiguidade, apenas uma minoria tinha o nome de “homem livre”. Hoje, todos os homens se pretendem ou são pretendidos livres. Assumiu-se, eficazmente, na nossa sociedade a protecção da liberdade de consciência, de crenças e de cultos. O poder civil tem procurado garantir a liberdade religiosa, com leis justas e outros meios aptos, de modo a que os cidadãos possam, na realidade, exercer os direitos de religião e cumprir os seus deveres de crentes. A liberdade de exprimir a fé, de forma individual ou colectiva, em particular ou em público, por via oral ou escrita, utilizando inclusive os meios de Comunicação Social; a liberdade de associar-se e de promover instituições nas quais os crentes possam entreajudar-se no sentido de ordenarem a sua vida segundo os seus princípios religiosos; liberdade das várias religiões existentes ensinarem as suas doutrinas e dos pais poderem educar os filhos de harmonia com as suas convicções religiosas, nas escolas ou por outros meios de educação das suas escolhas.
A liberdade religiosa tem como contrapartida a obrigação de todos respeitarem as crenças alheias, evitando ridicularizá-las ou ferir a sensibilidade de quantos as professam.
O verdadeiro cidadão é aquele que tem consciência dos seus valores e respeita os valores dos outros. Este é um requisito fundamental a considerar na nossa conduta. Só assim sairemos sempre valorizados. Todos temos obrigação de saber que ter um espírito de constante abertura e tolerância possibilita uma vida em harmonia.
A imposição não tem lugar numa sociedade livre. Muito menos na nossa.“Ter escravos não é nada – afirma Diderot – o que é intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos”. Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Dezembro de 2006.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Maio de 2006.